segunda-feira, 22 de julho de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu vim para servir”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Jesus e sua autoridade
 
Eu tenho a força! Eu ganhei o jogo! Medalha de ouro! Miss universo! Até que enfim fiquei bispo! Aqui quem manda sou eu! Ouvimos estas frases e tantas outras mais fortes, que são as mesmas palavras da tentação que Eva e Adão ouviram no Paraíso Terrestre: “Que nada! Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3,5). O coração humano, marcado pelo orgulho e o desejo de ser como Deus, vive cultivando no seu íntimo a sede do poder. Procura por todos os modos se manter com autoridade pondo-se como senhor de tudo. Somos concorrentes de Deus. A tendência de impor a própria vontade e desejo já age na criança. Isso existe em todos os campos. Vemos como um cargo e uma posição social parecem dar direito às pessoas de humilhar os semelhantes. As discriminações que o povo sofre, provêm do poder que as pessoas julgam ter. Tudo é bom. Mas nem tudo aproveita. Uma coisa é viver só para si e outra e saber viver também para outros. É o que constatamos em Jesus quando explica: “Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve. E o que quiser ser o primeiro dentre vós seja vosso servo assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,26-28). Foi o que nos ensinou na Santa Ceia quando tomou a atitude de escravo: tomou a bacia e lavou os pés dos discípulos (Jo 13,1-17). Jesus fez esse gesto para explicar que Sua Morte e Ressurreição era um serviço para todos. Ele se faz escravo servidor para que todos tivessem vida e a tivessem em abundância (Jo10,10). 
Participando do poder de Jesus 
Quando dizemos na Igreja que as autoridades eclesiásticas e ministérios recebem o poder de Jesus, não dizemos um poder de mando, mas de serviço. São chocantes as atitudes pecaminosas de orgulho e prepotência sobre as pessoas, sobretudo os pobres. Infelizmente é um mal que deixa cego. Jesus chamava os fariseus de cegos (Mt 23,24). Jesus deu aos discípulos poderes: “Jesus convocando os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, bem como para curar doenças, e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e curar” (Lc 9,1-2). O poder está em vencer o mal, curar as doenças e proclamar o Reino. Eles continuam a missão de Jesus e essa missão é passada a todos os sucessores. Pedro recebeu o poder das chaves (Mt 16,19) não como um poder para si, mas para abrir as portas do Reino a todos. Deve fechar a entrada do mal. Deverá pacificar seu coração pelo contato com a pessoa de Jesus, como o fez Pedro: “Senhor, tu sabes tudo, sabes também que te amo” (Jo 21,15). Somente esse amor pacificará nosso coração. É preciso dizer que Jesus fez a diferença. Se for para fazer como todo mundo o faz, não precisava Jesus ter iniciado um caminho novo. Corremos o risco de fazer uma Igreja do poder e não do serviço. 
O único necessário 
Como cultivar esse novo modo de vida iniciado por Jesus? É o longo trabalho de conversão para o único necessário que é o amor. São João Evangelista, em seus escritos, mostrou que somente depois de identificarmos o amor em nossa vida podemos dar sentido a tudo o que fazemos. Aí sim, essa vida nova penetra nossos sentimentos e atitudes. Ninguém se converte a não ser pelo amor. Assim aprenderemos a ciência do Redentor e poderemos continuar no mundo Sua missão. Não se acredita numa doutrina, mas numa Pessoa. Quando se diz Coração de Jesus, não é devoção, mas uma transformação de vida. Quem descobre esse amor, tudo faz para que seja conhecido e amado.
ARTIGO PUBLICADO EM NOVEMBRO DE 2013

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