Evangelho segundo São Marcos 4,26-34.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra.
Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como.
A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga.
E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita».
Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o Reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar?
É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra;
mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra».
Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender.
E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.
Tradução litúrgica da Bíblia
(1904-1964)
Missionária das pessoas da rua
Comunidades evangélicas para o nosso tempo
«O Reino de Deus é como um homem
que lançou a semente à terra»
A essência desta vida, a sua razão de ser e a sua alegria, sem a qual ela nos pareceria vã, é entregarmo-nos a Deus, em Jesus Cristo. É estarmos no mundo, metidos no mundo, sendo um pedaço de humanidade entregue com todas as fibras do próprio ser, oferecido, desapropriado. É sermos ilhas de residência divina; sermos um lugar para Deus; dedicarmo-nos, acima de tudo, à adoração; deixarmos que o mistério da vida divina pese sobre nós até sermos por ele esmagados; sermos, na escuridão da ignorância universal, o despertar de Deus. É sabermos que este é o ato supremo da salvação: acreditar em nome do mundo, esperar pelo mundo, amar pelo mundo. Saber que um minuto de vida carregado de fé, mesmo despojado de qualquer ação, de qualquer expressão exterior, possui um génio de valorização, uma força vital que os nossos pobres gestos humanos não poderiam substituir. O resto é um excedente, um excedente necessário, mas necessário como consequência.
É a semente, o germe. Quando a semente existe, a planta da vida evangélica não pode deixar de brotar. Pelo contrário, se tentarmos meter na terra todas as flores do Evangelho, a dedicação, a pobreza, a humildade e o resto, se tentarmos fazê-lo antes de termos lançado esta semente, obteremos jardins de flores de corte que murcharão em dois dias. Nós amamos o mundo por amor de Deus. Queremos entregá-lo ao Reino dos Céus. De que serviria lutar por ele se nos recusássemos ao domínio devastador e transformador desse Reino, se fechássemos o nosso ser à invasão da graça de Deus?
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