quarta-feira, 28 de junho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Não pudestes ficar comigo?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Quinta-Feira Santa –o amor
 
Jesus chegou ao ponto máximo de sua vida e missão. É o momento de ouvir suas últimas palavras. Quanto desejamos guardar as palavras daqueles que amamos. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o estremo do amor” (Jo, 13,1). A Quinta-Feira Santa é um tesouro de ensinamento. Jesus deixa para nós o que tem de melhor: seu caminho de vida que foi amor de entrega que culmina na Eucaristia. Iniciando a Ceia, o que aparece? Uma bacia para lavar os pés. Parece que o discurso está errado. Mas não! O gesto de lavar os pés, serviço humilde e fraterno de acolhida, é a síntese de todo este momento de sua vida. A Eucaristia que institui para o memorial de sua morte e ressurreição e o Reino implantado são o serviço que Ele fez. Se servirmos com humildade e amor, estaremos fazendo o que Ele fez e, com Ele, redimimos o mundo. É sua nova Páscoa. Por que tanta humildade? É a vida da Trindade Santa: humildade e acolhimento. Jesus fez o discurso perfeito: disse: “Compreendeis o que vos fiz? ...Se portanto, eu, o Mestre e Senhor e vos laveis os pés também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,12-14). Jesus sintetiza seu ensinamento em um gesto simples. Sua Morte e Ressurreição, como obra de Redenção que permanece na Eucaristia, só se entende a partir do amor que se doa e serve. 
Sexta-feira Santa – o extremo amor 
Só Ele mesmo poderia amar assim! O amor só é amor, se não tiver medidas. Ninguém ama picadinho, um pedaço para cada um. Assim foi Ele: Amou até o extremo do amor. Todos os sofrimentos coroaram-no como Rei da Vida, Senhor do mundo, num trono elevado, vestido do manto vermelho do sangue de todos os sangues. Esta é sua Verdade. Ele disse: “Vim para dar testemunho da Verdade”, diz a Pilatos. Este pergunta: “O que é a verdade?”Já dissera: “Eu sou a Verdade”. Verdade é amar por completo, não ter o que reservar para si. É incompreensível que um Deus tão amoroso chegasse a ponto de se entregar, no Filho, a tanto sofrimento. Ele assumiu nossas dores. Só Ele mesmo poderia dar sentido, quando acabara todo o sentido. Estar diante da cruz de Jesus é uma escola para aprender a amar. Quando formos capazes de aprender a misericórdia de Deus, podermos saber o que significa a cruz. Os cristãos querem milagres, vida boa sem problemas. A Redenção veio pela dor, pela entrega. Quem não quer a cruz, não aprendeu a amar. A Mãe ali estava, pois o sangue a fecunda para os nascimentos dos filhos da Verdade.
Sábado Santo, o amor que dorme 
Rezamos na profissão de fé, o Creio: “Desceu à mansão dos mortos” ou, aos infernos. Não se trata do Inferno, mas, como se acreditava, que os mortos viviam nas sombras da morte. Desceu para ir ao encontro de Adão, a ovelha perdida, para libertá-lo da morte por sua morte na cruz. Fazemos um sábado silencioso para deixar escorrer para dentro do coração as riquezas desse amor de verdade. A Igreja faz silêncio para entrar com Ele neste mistério. Ele é a esperança para todos os que morreram antes de sua morte. Nesta esperamos vivemos também nós. Ele passou por tudo que passamos para podermos passar com Ele as agruras da morte e o silêncio do futuro até que brilhe a luz. O silêncio do Rei que dorme é um mistério e um dom. Mistério porque podemos participar dele e viver a morte como caminho da vida. Dom, porque em Deus encontramos o repouso.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2010

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