Evangelho segundo São Mateus 6,19-23.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os destroem e os ladrões os assaltam e roubam.
Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não os destroem e os ladrões não os assaltam nem roubam.
Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração.
A lâmpada do teu corpo são os olhos. Se o teu olhar for límpido, todo o teu corpo ficará iluminado.
Mas se o teu olhar for mau, todo o teu corpo andará nas trevas. E se a luz que há em ti são trevas, como serão grandes essas trevas!».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1256-1301)
Monja beneditina
O Arauto, Livro III, SC 143
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração»
Procurando um dia compreender que desígnio leva a que o Ofício proporcione a alguns alimento espiritual abundante enquanto outros permanecem na aridez, Gertrudes recebeu de Deus a seguinte luz: «O coração foi criado por Deus para reter a alegria espiritual como um copo retém água. Porém, se esse copo tem orifícios impercetíveis que deixam escapar a água, poderá acabar por ficar completamente a secas. O mesmo acontece com a alegria espiritual encerrada no coração humano: quando se escapa pelos sentidos corpóreos, a vista, o ouvido e os outros sentidos, que têm liberdade para funcionar a seu bel-prazer, acaba por se perder, e o coração fica vazio da alegria de Deus.
Todos podemos fazer esta experiência. Quando temos o desejo de olhar e de proferir palavras inúteis ou pouco proveitosas, e cedemos a esse desejo, a alegria espiritual, assim desprezada, escorre como a água. Pelo contrário, quando nos esforçamos por nos conter por amor a Deus, essa alegria aumenta no nosso coração a ponto de este ter dificuldade em a conter. De facto, quando o homem aprende a dominar-se nessas ocasiões, a alegria divina torna-se-lhe familiar; e, quanto maior tiver sido o esforço que fez para se disciplinar, mais saborosas serão as delícias que descobre em Deus.
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