Evangelho segundo São Mateus 7,1-5.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados.
Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido.
Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?
Como poderás dizer a teu irmão: "Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista" enquanto a trave está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge do Monte Sinai
A Escada Santa. 10.ºgrau:8,10-11,12,13,18
«Não julgueis e não sereis julgados»
Não tenhas falsas vergonhas diante de quem fala mal do teu próximo, mas diz-lhe: «Para com isso, irmão! Eu próprio caio todos os dias em faltas mais graves; como posso condenar este?». Terás assim um duplo benefício: com o mesmo remédio, curar-te-ás a ti e ao teu próximo. Este é um dos atalhos que conduzem ao perdão dos pecados: não julgar, segundo a verdade destas palavras: «Não julgueis e não sereis julgados».
Se vires alguém cometer um pecado no momento da sua morte, nem então o julgues, porque o juízo de Deus é impenetrável para o homem. Há quem tenha cometido grandes pecados à vista de todos, mas, em segredo, praticou maiores atos de virtude. Por isso, os seus detratores enganaram-se, focando o fumo sem verem o sol.
Ouçam-me, ouçam-me todos, críticos maliciosos das ações dos outros! Se esta palavra é verdadeira – «segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados» –, e é-o certamente, qualquer pecado, da alma ou do corpo, de que acusemos o nosso próximo, cairá sobre nós. Assim será.
Os críticos apressados e severos do próximo caem nesta paixão porque não guardam uma memória perfeita nem se preocupam constantemente com os seus próprios pecados. Com efeito, se alguém, liberto do véu do amor próprio, visse exatamente os seus próprios males, não se preocuparia com mais nada durante o resto dos seus dias, e sentiria que todo o tempo que lhe resta de vida não lhe bastaria para se lamentar sobre si próprio, nem que ainda vivesse cem anos e visse todas as águas do Jordão correrem-lhe dos olhos em torrentes de lágrimas.
Julgar os outros é não ter vergonha de usurpar uma prerrogativa divina; condená-los é arruinar a nossa própria alma.
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