segunda-feira, 26 de junho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus em nossa carne”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Deus amou nossa carne
 
Celebramos no dia 25 de março a solenidade da Anunciação do Senhor. Por celebramos neste dia, se não sabemos o dia, a hora e o ano? S. Jerônimo diz que era tradição afirmar que a morte de Jesus se dá no mesmo dia da Encarnação, por isso o Natal é dia 25 de dezembro, o nascimento de João Batista é dia 24.06. As datas têm uma relação entre si. A celebração da Anunciação “é a profissão de fé no maior mistério da humanidade: Deus se faz presente no meio de nós na pessoa do Filho: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Sua encarnação não foi um fato religioso exclusivo de um grupo, mas pertence a toda a humanidade. Essa nivelação de religiões não ajuda. Jesus nasceu para todos. Na medida que se assume sua Pessoa e sua mensagem, mesmo inconscientemente, estamos unidos. A grande novidade é conhecer Deus que se faz pessoa humana, não se reveste de humanidade, mas assume, na pessoa do Filho nossa humanidade. Deus gostou de nossa carne e fez dela o meio de levar-nos a participar de sua divindade. Rezamos: “Dai-nos participar da divindade de vosso Filho que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (oração). Celebrando a Anunciação de Jesus professamos nossa fé em Deus que assume a natureza humana e a eleva à divindade, pois nele Deus assume ser homem e essa humanidade se une à divindade de Deus. Esse nascimento é segundo as profecias, em uma Virgem: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, que significa: ‘Deus está Conosco’” (Mt 1,23). Maria concebe na virgindade, pois o Filho “não nasceu do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,12). Ele é verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. 
Assumiu nossa fragilidade 
Ele assumiu nossa humanidade para podermos participar de sua divindade. Nós temos medo de Jesus humano, preferimos acentuar mais o divino, o bonito, o heróico. Mas o homem chagado, crucificado, limitado dá lucro na religião. Por isso vemos tantas igrejas buscando só milagres, pois a cruz do amor é pesada. Ele a assumiu quando se uniu a nossa carne com tudo o que tem de belo e chocante. Temos que ter equilíbrio no conhecimento de Jesus. Mas Ele assumiu toda nossa realidade. Não podemos negar a carne que ele assumiu, pois, em Hebreus lemos: “Nele temos um caminho novo e vivo, que Ele mesmo inaugurou através do véu, quer dizer, através de sua humanidade” - carne (Hb 10,20). Nós gostamos do Cristo Ressuscitado, glorioso, poderoso, pois nos dá um certo poder. Não gostamos muito de nos unir a Ele em seus sofrimentos (Fl 3,10). Celebrar a Anunciação é celebrar a grandeza de nossa carne em Cristo.
Reconstruindo nossa carne 
Ao entrar no mundo, Jesus mostra como vai agradar o Pai: fazendo sua vontade (Hb 10,9). Em sua vontade humana fez a vontade do Pai, para que, nós, fazendo a vontade de Deus, nós nos unamos a sua divindade. Com essa vontade Ele faz nossa salvação e nós a vivemos. Se Ele nos remiu em nossa carne, nós continuamos a recuperação da carne do mundo, as realidades humanas e mesmo materiais (ecologia). Todo o universo suspira pela libertação (Rm 8,22). A Anunciação denuncia também os males que há no mundo para que tudo seja libertado e possa chegar a sua plenitude. Louvamos Maria que nos deu Jesus.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2010

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