quinta-feira, 25 de agosto de 2022

25 de agosto - Beata Maria do Trânsito Eugenia das Dores Cabanillas

Não ardia o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24, 32). Esta surpreendente confissão daqueles discípulos que foram os primeiros a ir a Emaús teve lugar também na vocação da Madre Maria do Trânsito de Jesus Sacramentado Cabanillas, fundadora das Irmãs Terciárias Missionárias Franciscanas e a primeira argentina a alcançar a honra dos altares. A chama que ardia no seu coração levou Maria do Trânsito a buscar a intimidade com Cristo na vida contemplativa. A sua chama não se extinguiu quando, por enfermidade, ela teve de abandonar os Mosteiros em que vivia, mas perseverou com confiança e abandono à vontade de Deus, que continuou a procurar incessantemente. Então, o ideal franciscano manifestou-se como o verdadeiro caminho que Deus queria para ela e, com a ajuda de diretores sábios, empreendeu uma vida de pobreza, humildade, paciência e caridade, dando vida a uma nova Família religiosa. 
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 
14 de abril de 2002 Maria do Trânsito Eugenia das Dores Cabanillas nasceu em 15 de agosto de 1821 em Santa Leocádia, Córdoba, Argentina. Seu pai, Felipe Cabanillas Toranzo, descendente de uma família de Valência (Espanha) emigrou para a Argentina durante a segunda metade do século XVII e conseguiu reunir uma certa fortuna econômica no seu novo ambiente, mas se notabilizou principalmente pela sua profunda religiosidade católica Em 1816, o Sr. Felipe Cabanillas se uniu em casamento com a jovem Francisca Antônia Luján Sánchez, de quem teve onze filhos. Três morreram prematuramente, quatro se casaram e os outros se consagraram a Deus: um como sacerdote secular e três como religiosos em vários Institutos, continuando assim uma longa e gloriosa tradição familiar. A Beata foi a terceira nascida na família. Batizada em 10 de janeiro de 1822 na capela de São Roque, impuseram-lhe os nomes de Trânsito, ou seja, Maria do Trânsito ou Maria Assunção e Eugênia das Dores. Ela recebeu o sacramento da confirmação com algum atraso, em 4 de abril de 1936, dada a distância do centro diocesano. Após a primeira educação familiar, Maria do Trânsito foi enviada para Córdoba, e continuando seus estudos, cuidou de seu irmão mais novo, que se preparava para o sacerdócio no seminário de Nossa Senhora de Loreto, na citada cidade de Córdoba. Em 1850, após a morte do Sr. Felipe Cabanillas, toda a família se mudou permanentemente para Córdoba, então a Beata se instalou com sua mãe, seu irmão, que foi ordenado em 1853, suas irmãs e cinco primas órfãs em uma pequena casa perto da igreja de São Roque. Maria do Trânsito se distinguiu por sua piedade, especialmente em relação à Eucaristia, realizou uma intensa atividade como catequista e fez muitas obras de misericórdia, visitava frequentemente os pobres e doentes na companhia de sua prima Rosário. Após a morte de sua mãe (13 de abril de 1858), a Beata entrou na Ordem Terceira Franciscana e intensificou a sua vida de oração e penitência, dirigida espiritualmente pelo Pe. Buenaventura Rizo Patrón, franciscano que foi ordenado bispo de Salta em 1862. Mas ela desejava se consagrar inteiramente a Deus. Assim, em 1859, por ocasião da sua profissão na Ordem Terceira Franciscana, ela emitiu o voto de virgindade perpétua e começou a pensar na fundação de um Instituto para a educação cristã da infância pobre e abandonada. Em 1871 ela entrou em contato com a Sra. Isidora Ponce de León, que estava profundamente interessada na construção de um mosteiro carmelita em Buenos Aires. No ano seguinte, Maria do Trânsito foi a Buenos Aires e ingressou no mosteiro em 19 de março de 1873, no mesmo dia em que foi inaugurado. Mas seu compromisso ascético mostrou ser maior do que a sua força física, caiu doente e, por motivos de saúde, teve que deixar a clausura em abril de 1874. Em setembro do mesmo ano, acreditando-se suficientemente recuperada, ela ingressou no convento das religiosas da Visitação de Montevidéu, mas também adoeceu alguns meses depois. A Beata aceitou tudo com resignação admirável, abandonando-se cada vez com mais confiança nas mãos da Divina Providência. Ao mesmo tempo, sua ideia de uma fundação educacional e assistencial a serviço da infância reaparece. Vários franciscanos a incentivam a isto e D. Agustín Garzón oferece uma casa e sua colaboração e contatos com o Pe. Ciríaco Porreca. Em 8 de dezembro de 1878, obteve a aprovação eclesiástica de seu projeto de fundação e das constituições, e depois de uns exercícios espirituais, Maria do Trânsito Cabanillas, acompanhada de suas duas companheiras: Teresa Fronteras e Brígida Moyano, inicia a Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas Terciárias da Argentina. A pedido da Fundadora, o Pe. Ciríaco Porreca, OFM, é nomeado diretor do Instituto. Em 2 de fevereiro de 1879 Maria do Trânsito Cabanillas e suas primeiras companheiras emitem a profissão religiosa e no dia 27 do mesmo mês e ano escrevem ao Pe. Bernardino de Portogruaro, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, pedindo a agregação seu Instituto à Ordem Franciscana. O padre Bernardino de Portogruaro respondeu afirmativamente em 28 de janeiro de 1880. A nova Congregação teve um florescimento imediato de vocações, de modo que ainda em vida da Fundadora foram inaugurados o colégio de Sta. Margarida de Cortona, em San Vicente, bem como os colégios de Carmen em Rio Cuarto e da Imaculada Conceição, em Villa Nueva. A Beata dirigia o florescente Instituto com admirável sabedoria, mas suas forças físicas iam cedendo gradualmente diante do cansaço diário e dos rigores ascéticos. Em 25 de agosto de 1885 morreu santamente como tinha vivido durante toda a sua vida, deixando exemplos heroicos de humildade e de caridade especialmente no serviço às crianças, aos pobres, aos doentes e às suas irmãs. Em seu currículo espiritual deve ser salientado acima de tudo a prudência, a paciência, a coragem para enfrentar as muitas provações da vida, sua assídua atividade na catequese e atendendo crianças abandonadas, o seu amor à pureza e a confiança na Providência Divina, que lhe respondia frequentemente com sinais surpreendentes. Como Fundadora, Madre Maria do Trânsito soube incutir em suas filhas o espírito sobrenatural, a generosidade, o amor à infância, o espírito de penitência e de mortificação. Em 1974 foi aberto o processo para reconhecer as virtudes heroicas da Madre Cabanillas. No dia 28 de junho de 1999, ela foi declarada Venerável, e Beata em 14 de abril de 2002, graças à cura milagrosa do sacerdote argentino Pe. José Roque Chielli, missionário franciscano que sofria um aneurisma cerebral incurável, do qual se recuperou inexplicavelmente depois de rezar uma oração para pedir a intercessão da Madre Cabanillas.

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