Na liturgia há um tempo em que não há um acontecimento da vida de Cristo a ser celebrado, mas o cotidiano no qual o tempo é santificado pelo mistério de Cristo. Esse mistério é sua encarnação, morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo. Celebramos o dia-a-dia da vida de Jesus. É para nós o momento de entrar em contato com o mistério, aprofundar o conhecimento e celebrá-lo na sagrada liturgia. Cada celebração é uma irrupção de Deus na vida da comunidade e na vida pessoal de cada um. Há tempos em que não temos festas que lembram fatos da História da Salvação. Restam, no calendário 34 semanas que chamamos Tempo Ordinário. Uma parte menor dessas semanas vem antes da Quaresma e a outra, maior, segue a festa de Pentecostes até o Advento. Não se celebra um acontecimento, mas toda a vida de Cristo em sua globalidade. A semana é dirigida pelo domingo. Desse falaremos depois. Ele é um dos gonzos da espiritualidade litúrgica que acompanha nossa vida. Temos três ciclos (A.B.C), o que enriquece muito a vida cristã pela leitura abundante que tem das Escrituras. Nesse período temos festas que se referem aos dogmas ou devoções, como também festas de N.Senhora e dos Santos, dos quais falaremos também. Não podemos considerar o calendário como um correr de dias, mas cada dia como um tempo de salvação. Não são metas a cumprir, mas mistério a acolher. Não só os domingos são característicos, mas há dias da semana que possuem sua característica, como sexta-feira, como penitencial; sábado marianos e outros.
Celebrar o mistério de Cristo
Assim, gota a gota, recebemos, através do evangelho, o mistério de Cristo. Não são semanas sem conteúdo, como que vazias. Ao contrário, celebramos a normalidade evangélica das palavras de Jesus, de seus gestos e seus ensinamentos. Assumir este mistério de Cristo no tempo ordinário significa levar a sério o ser discípulo, escutar e seguir o mestre no cotidiano, mostrando que cada momento é momento de salvação. A espiritualidade litúrgica vai nos alimentar como em nossas refeições. Parece que é sempre a mesma coisa, mas é sempre uma vida nova que nos é dada. A riqueza do tempo comum está no fato que cada dia é uma síntese de todo o mistério de Cristo. Noite e dia se enchem das memórias de Cristo e são para nós o momento de contato com Ele que está vivo e presente no meio de nós. Participar significa unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo.
Aqueles homens e mulheres
No tempo comum celebramos os santos e de modo particular a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa. Qual é o sentido dessas celebrações? Fazemos memória dos santos que, seguindo Cristo Jesus e, incorporados a ele pelo batismo, viveram sob ação do Espírito Santo. Sua santidade é a mesma de Cristo que continua no tempo e se faz testemunho nas pessoas que viveram o evangelho de modo eminente. Nós nos unimos a esses nossos irmãos e irmãs animando-nos a viver a mesma vida, contando com sua intercessão e realizando em nós o mesmo caminho de redenção que viveram. Aqueles homens e mulheres que chamamos de santos são como nós. Não se trata de uma espiritualidade devocional. Eles são testemunhos da presença de Cristo em cada um, unidos a sua Vida e Páscoa. Unidos ao mistério pascal de Cristo, participam de sua glória. Maria viveu de modo eminente o caminho palmilhado por Jesus dia e noite.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JUNHO DE 2007
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