A biografia do glorioso Santo e Grande Mártir Fanúrio é relativamente recente. Nada pode ser dito sobre a sua origem, seus pais, o período em que viveu, onde pregou a palavra de Deus e, por último, em que reinado, ou sob que imperador ele testemunhou sua fé entregando-se ao martírio. Nenhum testemunho de sua vida foi conservado, escrito ou oral, e nada saberíamos sobre sua existência, seu nome, não fosse este acontecimento:
Quando a linda ilha de Rodes (Grécia) foi conquistada pelos turcos, um de seus governadores quis reconstruir as muralhas da cidade destruídas pela guerra. Para isso, algumas cabanas em ruínas que se encontravam do lado de fora das muralhas precisavam ser demolidas.
Assim, quando aconteceu a demolição e a área em torno foi escavada, descobriu-se soterrada entre os escombros uma linda igreja que tinha apenas uma de suas laterais destruída. Nas ruínas desta igreja esquecida até então, foram encontradas muitos ícones (imagens) de santos, todos já muito estragados pelo tempo, a ponto de não ser possível distinguir nem as letras nem as figuras humanas que representavam. Entretanto, entre todas estas imagens destruídas, uma estava ainda em tão bom estado de conservação que parecia ter sido pintada naquele dia em que havia sido descoberta no interior da igreja soterrada. Esta maravilhosa imagem que não havia sofrido os efeitos corrosivos do tempo e das condições em que se encontrava sob o solo, era a imagem de São Fanúrio.
As doze representações da imagem
Logo que foi descoberta aquela igreja, um muito respeitado bispo da região chamado Nilo, homem fervoroso na fé e de vida muita santa, foi até o local e, com facilidade, leu as inscrições sobre aquele ícone: «São Fanúrio». Esta imagem estava rodeada por doze outras pequenas imagens que revelavam diferentes circunstâncias da vida do santo. No centro, estava Fanúrio ainda jovem, vestido com uniforme militar. Em sua mão esquerda tinha uma cruz e na direita uma vela acesa. As doze pequenas imagens em torno da imagem principal do santo mostravam as seguintes situações de sua vida, destacando as torturas e suplícios sofridos por causa de sua fé em Cristo e seu martírio final:
A primeira mostrava o santo diante de um juiz que o interrogava; Fanúrio é mostrado entre os guardas, de pé diante do juiz, e parece fazer sua apologia com coragem, defendendo sua fé cristã.
A segunda representa o santo entre os soldados que o conduzem para as torturas, sendo atingido com pedras na boca e cabeça.
A terceira mostra o santo já caído por terra e os soldados que o golpeiam com pedaços de pau.
Na quarta cena, uma tortura ainda mais terrível: o santo se encontra desnudo na cela do cárcere enquanto seus torturadores rasgam seu corpo com instrumentos de ferro. Pela postura, São Fanúrio parece suportar com serenidade este terrível tormento. Tem suas mãos cruzadas, o olhar dirigido ao céu e, com semblante de devoção parece rezar ao Senhor no qual depositou suas esperanças.
A quinta imagem o mostra sozinho, trancado na cela e rezando com devoção a Deus, suplicando força para suportar as torturas a que logo seria submetido pelos brutais e impiedosos carrascos.
Na sexta representação aparece novamente diante do tirano fazendo corajosamente sua apologia e, apesar das novas ameaças de torturas ainda piores, ele se recusa a negar a sua fé em Cristo.
Na sétima imagem ele aparece novamente na prisão em outra cela fechada e seus torturadores queimam seu corpo com tochas acesas.
A oitava imagem mostra o santo sofrendo uma tortura ainda mais terrível. Os carrascos, duros de coração, impiedosos e enfurecidos por sua persistente negação a oferecer culto aos seus ídolos, o colocam numa prensa e trituram seus ossos enquanto ele, tranquilo diante deste terrível tormento, sofre todas as dores com paciência e coragem, e seu lindo rosto mostra que foi derramado sobre ele uma alegria divina, porque o Senhor o fez digno de ser um dos seletos testemunhos da fé cristã.
Na figura nona ele aparece jogado numa grande fossa entre animais selvagens para que o devorem enquanto, acima, seus carrascos o espreitam. Os animais, porém, não lhe fazem nenhum mal, ao contrário, com aspecto de mansidão o rodeiam enquanto o santo, com as mãos cruzadas sobre o peito, reza agradecido a Deus por ter livrado de mais este tormento.
A décima imagem mostra um novo, mas não menos terrível, tormento. O santo está posto no chão com uma pesada laje de mármore posta sobre seu peito que lhe fratura o tórax impedindo a respiração.
A figura décima – primeira mostra o santo diante dos ídolos dos infiéis. Seguras nas mãos brasas acesas e está sendo vigiado por seus carrascos armados. No ar, acima do altar dos ídolos, sobrevoa um demônio com aspecto de dragão alado, que parece chorar e flagelar-se pelos exorcismos do santo.
Finalmente, a décima – segunda e última imagem mostra São Fanúrio de pé dentro de um grande forno sobre troncos em chamas e, enquanto as chamas e a fumaça o envolvem, ora serenamente com as mãos elevadas para o céu, dirigindo ao Senhor os seus últimos pensamentos neste seu martírio final.
Um milagre do ícone do santo
Observando as doze cenas tão descritivas da vida de São Fanúrio neste ícone, o piedoso bispo Nilo compreendeu imediatamente que São Fanúrio tinha sido um dos mártires mais importantes da fé cristã. Logo enviou pessoas de sua confiança ao governador do lugar para pedir-lhe que cedesse aquele lugar para que aquela igreja pudesse ser reconstruída. Mas ele se recusou a conceder esse favor. Sem perder tempo, o piedoso bispo foi pessoalmente à capital e lá consegui a autorização. Voltou logo a Rodes e reconstruiu a igreja de São Fanúrio, fora da muralha da cidade, no local mesmo onde haviam feita a descoberta. Esta nova igreja, que ainda existe atualmente, tornou-se um lugar de muitos milagres e uma multidão acorria de toda a parte para adorar a Deus e honrar a memória de São Fanúrio. Destes, relataremos o que segue, que é dos mais admiráveis e mostra o grande e milagroso poder da imagem do santo.
Naquela época, estando a Ilha de Creta sob o domínio dos Vênetos, não havia um bispo ortodoxo no lugar, mas somente um latino. Por malícia, não permitiam que na sede, vacante pela morte de seu bispo, pudesse ser estabelecido um novo bispo ortodoxo, pensando assim conseguir, com o tempo, converter os cristãos ortodoxos à igreja de Roma. Assim pois, os gregos que queriam ser sacerdotes em Creta mudavam-se para Círigo para receber lá a ordenação. Num certo dia, partiram de Creta três diáconos e se dirigiram ao Bispo de Círigo que os ordenou sacerdotes. Retornando à Creta, sua terra natal, foram capturados por piratas árabes que os levaram a Rodes, onde os venderam juntamente com outros hagarenos.
Aqueles infelizes sacerdotes, recém ordenados, choravam dia e noite por causa da desgraça que havia caido sobre eles. Ouviram então os relatos dos grandes milagres do ícone de São Fanurio e imediatamente começaram a rezar ao Santo em lágrimas, pedindo que os libetatasse daquele amargo cativeiro.
Finalmente obtiveram a permissão de seus senhores para ir na igreja de São Fanúrio. Ao chegar diante do ícone milagroso, ajoelharam-se e, em lágrimas, suplicaram ao santo que os ajudasse a se libertarem das mãos do hagarenos.
Então eles voltaram para seus mestres um pouco mais consolados. Mas o Santo teve compaixão de suas lágrimas de desespero e ouviu seu apelo fervoroso. Naquela mesma noite, ele se apresentou aos seus mestres e ordenou-lhes que libertassem os servos de Deus, mantidos como escravos, avisando-os que, se desobedecessem, seriam duramente punidos. Eles, no entanto, pensaram que era um truque mágico, colocaram correntes em seus escravos e os submeteram a trabalhos ainda mais pesados e grandes tormentos.
Mas naquela noite o Santo apareceu, soltou as correntes e disse-lhes que no dia seguinte seriam soltos sem falta. Ao mesmo tempo em que se apresentou aos seus mestres Agarenos e, depois de repreendê-los severamente, disse-lhes que se eles não libertassem seus escravos no dia seguinte, ele os faria conhecer o poder de Deus.
Naquela mesma noite algo surpreendente aconteceu. Todos aqueles que viviam nas três casas que mantinham os três desafortunados sacerdotes como escravos ficaram subitamente cegos e paralisados com dores muito fortes. Na manhã seguinte, depois de consultar seus parentes, que vieram vê-los, sobre o que tinham que fazer para recuperar a saúde, eles decidiram chamar seus três escravos. Quando apareceram, perguntaram se podiam curá-los. Eles responderam então que iriam implorar a Deus por isso.
Na noite seguinte, o Santo novamente se apresentou aos Agarenos e disse-lhes: Se não enviarem à minha igreja uma carta assegurando libertar vossos escravos, recuperarão a saúde ou visão. Eles então, aconselhados por seus parentes e amigos, enviaram essas cartas através de pessoas confiáveis, que as depositaram na frente da imagem do Santo.
Aqui está o milagre: antes mesmo de os enviados voltarem, os agarenos cegos e paralisados estavam novamente seguros e saudáveis. Muito felizes pelo milagre, libertaram imediatamente os sacerdotes, dando-lhes também as despesas para sua viagem e liberando-os com alegria para que retornassem à sua pátria.
Os sacerdotes libertados pintaram a imagem de São Fanourio, como a tinham visto em sua igreja, e a levaram com eles para Creta, onde ano após ano celebravam com devoção a memória do santo e milagroso Mártir Fanúrio, cuja bênção e proteção os acompanhavam por toda a vida.
Assim, graças a esse evento fortuito, por vontade divina, o nome de São Fanourio era conhecido, que, como é sabido por sua imagem, foi um dos mártires mais corajosos da Igreja, tendo sofrido as mais horríveis torturas pelo nome do Senhor.
Que sua graça e intercessão ante o Senhor sejam para todos os que leram esta sua hagiografia e para os que invocam sua intercessão. Amém.
Hino de despedida (4º tom)
Um hino celestial se canta na terra,
uma festa terrena celebram os anjos com alegria,
acima, com hinos, proclamam as tuas façanhas,
na terra a igreja anuncia a glória celestial,
a que achaste com teus esforços e obras
ó glorioso São Fanúrio!
Neste dia 27 de agosto comemoramos o encontro da imagem do Grande Mártir Fanúrio, de recente aparição na ilha de Rodes, no ano 1369.
Tradução e publicação neste site
com permissão de
Trad.: Pe. André
São Fanourios viveu na época romana. Não temos muitas informações sobre sua vida. As informações a respeito nos dão uma imagem encontrada na ilha de Rodes no século XV retratando São Fanourios e 12 representações dos vários martírios que sofreu, acabando por sucumbir ao fogo morto devido à sua resistência ao mundo dos ídolos.
Nossa Igreja comemora seu dia em 27 de agosto. Em sua memória, foi estabelecida aos fiéis a oferta da famosa Fanouropita, um pequeno pão doce, feito com sementes, trigo, açúcar, azeite, leite e ovos. A oferta de Fanouropita começou por motivos piedosos. Era feita por mulheres e oferecida aos fiéis na intenção de “Deus perdoar a mãe de Agios Fanourios”, que, segundo a tradição, era uma mulher má e se distinguia por sua crueldade para com os pobres. No esforço feito por seu filho, para salvá-la dos sofrimentos do inferno, a tradição afirma, entre outras coisas, que ela pediu não para fazer algo para ele, mas uma torta para sua mãe e distribuí-la aos pobres. para o perdão. de sua alma.
Como o nome de Agios Fanourios remete ao verbo fanerono, passou a ser motivo para atribuir ao santo qualidades relacionadas à revelação de pessoas e coisas.
Com o tempo, essas propriedades começaram a adquirir poder mágico na lógica do mundo. Logo, o motivo inicial foi aos poucos sendo substituído por outro: oferecer o pão doce em troca da adivinhação do futuro. Isso decorre que, para pessoas que têm uma relação morna ou inexistente com a Igreja, a Fanouropita tornou-se ‘troca de favores’.
É uma pena e um absurdo afastar-se da tradição piedosa, que diz respeito à oferta de Fanouropita e dar-lhe propriedades mágicas. O Grande Mártir Fanourios é um Santo da nossa Igreja e não um mago, que pode encontrar magicamente coisas perdidas.
Devemos explicar ao mundo que a oferta da Fanouropita é feita em homenagem ao Santo e é uma bênção para quem a oferece, como se faz com os pães. Não sei até que ponto nós, clérigos, contribuímos para a perpetuação desta distorção. No dia da festa, muitos cristão dão mais importância a oferta da Fanouropita, do que à Divina Liturgia realizada em sua memória.
Por um lado, a angústia dos crentes pelo futuro incerto, em combinação com a ingenuidade de alguns religiosos, alimentam a perspectiva de obtenção material e financeira. O ruim é que essas superstições estão revestidas com um manto cristão e até ortodoxo. Alguns Ortodoxos também visitam médiuns, astrólogos, cartomantes, quiromantes etc.
Também os ortodoxos fazem uso de outras práticas usadas por várias religiões pagãs. Recentemente, a existência de estátuas de Buda se tornou muito popular em quase todo o chamado mundo ocidental e, consequentemente, em lugares ortodoxos. Em lojas e casas, uma estatueta de Buda domina. Prevenções mágicas dão e recebem entre os ortodoxos. Consideram o encontro com um gato preto, o espelho quebrado, impedimento de casamentos de irmãos no mesmo ano ou não se casarem em poucos anos, os recém-casados não vão a funerais, aqueles que choram por muito tempo, como fatores negativos efeitos, se coincidir terça-feira e 13 não há outras igrejas.
Por ocasião da festa de Agios Fanourios, não ajudemos com a nossa atitude errada a criar a ilusão de que com uma torta podemos subornar, moldar ou forçar o Santo, a encontrar algo perdido ou a revelar-nos um noivo ou uma noiva , animais, coisas, objetos de valor ou trabalho. Esta homenagem não interessa a Agios Fanourios, mas pelo contrário é um insulto.
Vamos instruir o povo corretamente acerca das Fanouropitas. Pelo menos as que forem oferecidas, para que sejam oferecidos em honra do Santo, cuja intercessão pedimos por ocasião da sua festa.
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