Evangelho segundo São Mateus 24,42-51.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
Quem é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua casa, para lhe dar o alimento em tempo oportuno?
Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar procedendo assim.
Em verdade vos digo que lhe confiará a administração de todos os seus bens.
Mas se o servo for mau e disser consigo: "O meu senhor demora-se",
e começar a espancar os companheiros e a comer e beber com os ébrios,
quando o senhor daquele servo chegar, em dia que ele não espera e à hora que ele não pensa,
expulsá-lo-á e lhe dará a sorte dos hipócritas. Aí haverá choro e ranger de dentes».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 1 para o Advento
A meio da noite
Quando veio o Salvador? Não veio no princípio dos tempos, nem no meio, mas no fim. E teve uma razão para isto. Muito sabiamente, a Sabedoria divina, ciente de que os filhos de Adão são dados à ingratidão, considerou que só devia valer-lhes com o seu socorro quando estivessem na maior necessidade.
Em verdade, a noite já ia caindo e o dia estava no ocaso, «o sol da justiça» fora desaparecendo pouco a pouco (cf Lc 24,29; Mal 3,20), já sobre a Terra havia apenas um luar incerto e um fraco calor. De facto, a luz do conhecimento de Deus minguara muito e o calor da caridade esfriara, na sequência da crescente iniquidade (cf Mt 24,12). Os anjos já não apareciam, já não havia oráculos de profetas: tinham acabado, como que vencidos pelo extremo endurecimento dos homens e a sua obstinação. Foi nesse momento que o Filho afirmou: «Então, Eu disse: eis-Me aqui!» (Sl 39,8). Sim, na hora em que um silêncio profundo tudo envolvia e a noite ia a meio do seu curso, a tua Palavra omnipotente, Senhor, desceu do Céu, do seu trono real (cf Sab 18,14). Como disse o apóstolo Paulo: «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho» (Gal 4,4).
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