Jesus, sempre movido pelo Espírito Santo, mistura-se com o impuro, tocando os leprosos, mortos e os doentes. Não pode assim prestar culto a Deus, que exige a pureza ritual. Quando a pecadora toca-lhe o corpo, beija-o, lava com as lágrimas, enxuga com os cabelos e unge com perfume precioso, torna-se mais ainda um fora da lei. Simão, fariseu conhecedor e cumpridor da lei, ao ver aquela cena duvida de Jesus: “Se esse homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora” (Lc 7,39). Raciocina: Um homem de Deus conhece a maldade das pessoas. Jesus mostra que é um homem de Deus, pois além de saber onde está a raiz do mal, que é o orgulho e a falsa religião, conhece também a raiz do bem que é o amor. Propõe então a parábola do credor e os dois devedores perdoados. Um devia 100 e outro 10. Os dois foram perdoados. Quem o amará mais? - ‘A quem mais se perdoou’ - responde Simão. Jesus vira o quadro e mostra o que Simão não fez, e que era o dever de hospitalidade. A mulher o fez por amor. Jesus acrescenta: “Os muitos pecados dela estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor” (47). Jesus, por sua atitude interior de “verdadeira religião”, reconhece que a mulher teve confiança na graça que a moveu a ir até Ele. Jesus proclama que junto do amor está a fé: “Tua fé te salvou. Vai em paz!”. O amor é a fonte da verdadeira religião. Simão tem uma fé baseada em práticas exteriores, mas o coração não entende as pessoas como Deus as vê. Assim podemos ver na Igreja que só o exterior não basta. “Os pecadores e as prostitutas vos precedem no Reino” (Mt 21,31).
Liberdade do perdão
A atitude de Jesus e da mulher são chocantes. A mulher faz um gesto forte e mesmo ousado. Jesus aceita serenamente. O fariseu recusa. É belo ver a liberdade de Jesus: Acolheu a maneira de manifestar amor. Amor não é um conceito. Tem carne. O perdão que Jesus dá vai além das palavras. Seus gestos são de amor, correspondendo ao que recebia. Onde a mulher pecadora achou tanta liberdade? Certamente terá visto Jesus acolher outros e mesmo, quem sabe, já O terá olhado nos olhos. A liberdade veio da confiança que encontrara antes. Somente esse amor poderá levar a dizer o que Paulo diz aos Gálatas: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente , na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus que me amou, e por mim se entregou” (Gl 2,20). Esse amor recíproco com Cristo dá razão de viver. Pedro nos convida: “Tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
Mulheres de Jesus
O seguimento de Jesus é vida: “Todos queriam tocá-lo, porque dEle saia uma força que curava a todos” (Lc 6,19). Lucas (evangelista das mulheres) salienta a presença de mulheres na companhia de Jesus. Foram curadas, encontraram vida no seguimento de Jesus. Isso não era normal entre os rabinos e mestres. A mulher faz parte integrante da missão de Jesus. Elas o serviam. Lendo Atos dos Apóstolos e cartas de Paulo, vemos a grande presença de mulheres evangelizadoras e mães da comunidade. O cristianismo superara o mundo pagão e judeu no respeito à mulher. Quem sabe devêssemos voltar a esses textos e repensar o grandioso lugar da mulher na Igreja e sociedade. Paulo afirma: “Não existe homem nem mulher porque todos sois um em Cristo” (Gl 3,28). É a partir de Cristo que se conhece o lugar da mulher na Igreja, e não em uma cultura, qualquer que seja.
Leituras: 2 Samuel 12,7-10.13;Salmo 31;
Gálatas 2,16.19-21; Lucas 7,36-8,3.
1. Jesus, sempre movido pelo espírito mistura-se com o impuro, não podendo assim prestar culto a Deus. Lemos no evangelho a cena da pecadora que beija seus pés, lava-os com as lágrimas e enxuga com os cabelos, passando perfume. Forte! Simão, que não tinha mais que uma religião exterior, não acolhe bem Jesus e admira-se de Jesus acolher a mulher. Jesus faz a parábola do credor e dois devedores aos quais perdoa. Acrescenta: Quem amará mais? O que mais foi perdoado. Jesus tira a moral: Você não me acolheu com amor. Ela o fez com muito amor. Por isso os pecados dela estão perdoados porque muito amou. A verdadeira religião se baseia na fé e no amor.
2. A mulher teve grande liberdade nascida do amor. Jesus a acolhe na mesma liberdade de amor. O amor não é um conceito. Tem carne. O perdão de Jesus são gestos de amor. A liberdade veio do amor que percebera em Jesus. Esse amor leva a dizer: “Não sou em quem vive, é Cristo que vive em mim”. O amor cobre a multidão dos pecados.
3. O seguimento de Jesus é vida. Muitas mulheres o seguem e o servem. No paganismo e judaísmo a condições da mulher era ínfima. Jesus restaura sua dignidade. A mulher é evangelizadora e mãe da comunidade. Devemos partir da Palavra para repensar nossa atitude para com a mulher. O ponto de partida é: “Não existe homem nem mulher, parque todos sois um em Cristo” (Gl 3,28). É a partir de Cristo e não de uma cultura, que se conhece o lugar da mulher na Igreja.
A medida do amor
Que cena! Uma mulher de vida “fácil”, como dizem, entra na casa onde está Jesus. Chorava aos pés de Jesus, com as lágrimas os banhava, enxugava com seus cabelos, cobria de beijos e ungia com perfumes. Ela não entra debaixo da mesa, como poderíamos pensar. Como tomavam as refeições recostados em divãs, bastava ajoelhar-se para estar à altura dos pés.
Uma cena até sensual para quem só pensa naquilo. Foi o que pensou o fariseu que convidara Jesus. Este, o percebe e dialoga com ele. Resumindo diz: Dois sujeitos deviam a um senhor. Um muito e outro pouco. Este perdoou a dívida aos dois. Quem vai gostar mais dele? O que foi mais perdoado, responde o fariseu. Jesus continua: você não manifestou o afeto necessário a mim, seu hóspede, nem deu água para lavar as mãos. Ela fez mais que isso. Beijou e ungiu com perfume meus pés. Ela manifestou muito amor, por isso é mais perdoada. Ela se salvou pela fé manifestada pelo amor.
Havia muitas mulheres que seguiam Jesus. Numa sociedade que discrimina a mulher, Jesus as acolhe. Em nossa sociedade Jesus ensina a respeitar a mulher e acolher sua capacidade de amar e doar-se.
Homilia do 11º Domingo Comum
EM JUNHO DE 2007
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