quarta-feira, 13 de novembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Vou estabelecer minha aliança”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Jesus é salvador 
Celebramos na Páscoa a vitória de Jesus sobre a morte e nossa conversão para que os frutos de seu Mistério Pascal penetrem nossa vida e a mudem. No primeiro domingo da Quaresma sempre temos a passagem que nos conta a tentação de Jesus. Quando dizemos que Jesus veio salvar-nos de nossos pecados, conforme o anúncio do Anjo quando lhe deu o nome (Mt 1,21), entendemos a tônica desse tempo litúrgico. Ao buscar o perdão e proclamar que Jesus veio para salvar dos pecados, estamos vivendo bem a preparação da celebração da Páscoa. Pecados são descritos pelos evangelistas como todos os males do mundo, compreendidos todos na irracional busca dos bens materiais, na ganância do poder e na loucura do prazer pelo prazer. Tudo é bom, desde que buscado no processo de conversão a Jesus. Jesus cura o que é do mal. Nesse domingo temos dois pólos: a aliança de Deus oferecida como paz e a tentação que empurra para o pecado. Jesus vencendo a tentação abriu para nós a porta da vitória sobre o mal. Fomos tentados Nele e Nele vencemos, diz S. Agostinho. Marcos não descreve a tentação de Jesus, como Mateus e Lucas. Os três evangelistas sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) anotam que Jesus estava cheio do Espírito Santo e era por Ele conduzido. Vencer a tentação não é somente uma vitória da força pessoal, mas correspondência ao Espírito de Deus que habita em nós, como em Jesus. Sua vitória torna-O vigoroso no combate contra o mal até à cruz, onde tem a tentação final (Lc 4,11). Por isso Jesus é o Salvador de todos os males. 
Aliança do Batismo 
Os cinco domingos da Quaresma  trazem, na primeira leitura, a narrativa das alianças que Deus fez com seu povo até à aliança selada com o sangue de Jesus em sua Páscoa. Como toda a Quaresma tem um sentido batismal, compreendemos o texto da primeira carta de Pedro que usa a arca de Noé como símbolo do Batismo. Como Deus, pelo dilúvio, purificou a humanidade pela água e salvou pela arca, o Batismo purifica e salva colocando na arca, que é a Igreja, o Reino de Deus. Não é só uma purificação exterior, mas interior para a vida nova dada pela ressurreição de Jesus. A aliança que Deus faz com Noé é a promessa de não destruir o mundo nem as pessoas que forem salvas pelo Batismo das águas. Cada batizado está em aliança com Deus e não verá a destruição. Deus colocou seu arco de guerra no céu (simbolizado pelo arco–íris). Assim começa uma humanidade nova, como a pequena família de Noé começou um mundo novo. Refletindo a temática da aliança, iniciamos pela aliança com a terra depois do Dilúvio, a aliança para uma descendência com Abraão, a aliança para a formação de um povo, a aliança do coração e a nova aliança com Jesus, no seu sangue. Esta é definitiva.
Mostrai vossos caminhos 
A conversão é uma atividade espiritual que acompanha o crescimento da vida de Cristo em nós. Ela não tem limites e nem se sacia no vazio de ações sem compromisso. Na primeira tentação Jesus coloca o alimento da Palavra que sacia, a humildade que sustenta e a adoração que liberta. O salmo reza: “Vossa verdade me oriente e me conduza”, “o Senhor dirige os humildes na justiça”, pois o “Senhor é ternura e compaixão”. A oração da missa nos convida a viver esse Sacramento da Quaresma com ações concretas de conversão, correspondendo ao amor que nasce do conhecimento de Jesus Cristo. O homem que é pó, com as águas do Batismo, se torna o barro onde Deus faz o homem novo.

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