Permanecer
em Cristo é o normal da vida cristã. A união a Cristo pela fé é condição para
viver o dom da salvação. Não se trata só de um estado espiritual que
conquistamos, mas de um modo de vida. Fomos enxertados em Cristo (Rm 11,16-24). Jesus
usa a imagem da videira. O tronco continua nos galhos e os faz vivos produzir
frutos pela seiva que recebem. Na história do povo de Deus a videira tem um
significado importante. Tem o sentido da paz, como lemos na narrativa do dilúvio
quando Noé a planta e faz o vinho; É símbolo do povo que foi transplantado do
Egito para a terra prometida (Sl 79,9ss); É o vinho que alegra o coração (Sl 103,15); É símbolo
da espera messiânica - assentar-se sob a videira - (Miq 4,4); Lembra o banquete messiânico no
qual serão servidos vinhos finos (Is 25,6); O vinho era usado nos sacrifícios dos templos (Nm 15,5); Essa riqueza
de simbolismos nos leva a compreender como estamos unidos a Cristo. Se
permanecermos Nele, podemos pedir o que quisermos e seremos atendidos porque
estamos unidos à fonte de todos os bens. O fruto da videira, o vinho, era usado
na ceia pascal que também Jesus celebrou. A imagem nos conduz ao vinho novo de
Caná e ao vinho da Ceia que, unido ao sangue do coração perfurado de Cristo, nos
une à Morte e Ressurreição do Senhor. É sinal do povo santo do Senhor. Os ramos
estéreis são cortados para fortalecer os fecundos. Jesus produz os frutos no
mundo através dos ramos da videira que produzem na força do tronco. A glória de
Deus é que demos frutos. Os Atos dos Apóstolos narram os frutos que Paulo
produziu depois de sua conversão. Por isso os apóstolos insistem em suas
pregações que se convertam e arrependam-se dos pecados. Deste modo se unem a
Cristo.
Amar
com ações e verdade
Permanecer
em Cristo é guardar a fé e cumprir os mandamentos. O mandamento é o amor. Crer
significa também amar uns aos outros. Não é um amor a poucos “irmãos”, mas a
todos, como Deus ama, não fazendo distinção de pessoas (Mt 5,45). Guardar esse mandamento é
permanecer unido a Cristo. Onde não existe o amor universal manifestado em palavras
e gestos, não existe a fé em Jesus. É uma idolatria, isto é, uso de Deus em
próprio proveito. Deus é para ser adorado e amado e não ser usado. Os ramos não
são parasitas na árvore, mas parte dela, vivendo da mesma seiva. A seiva que
nutre e produz fruto é o amor. “O mandamento de Deus é que creiamos no nome de
seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros”. A fé nos une a Deus e
o amor realiza a obra da fé, pois a fé sem obras é morta (Tg 2,17). A videira
produz frutos. A comunidade tem seus membros unidos uns aos outros pela vida
comum a todos. O amor une os que crêem em Jesus.
Liberdade
verdadeira
As
orações da celebração insistem na liberdade que essa união a Cristo nos
confere: “Concedei aos que crêem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança
eterna” (Oração).
É uma verdade a ser vivida: “Concedei que, conhecendo vossa verdade lhe sejamos
fiéis” (Oferendas);
Os sagrados mistérios celebrados nos passam à nova vida: “Fazei passar da
antiga à nova vida, aqueles a quem concedestes a comunhão nos vossos mistérios”
(Pós comunhão).
Há uma real união entre Eucaristia e a vida cristã. A realidade espiritual se
torna presente pela memória sacramental. Certa vez, celebrando para os
pacientes dos hospitais psiquiátricos de Garça, ouvi uma senhora completar a
oração dos fiéis com a frase: “A Eucaristia é minha ressurreição”. A videira
produz frutos de Ressurreição.
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