Evangelho segundo São Lucas 18,35-43.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximava de Jericó, estava um cego a pedir esmola, sentado à beira do caminho.
Quando ele ouviu passar a multidão, perguntou o que era aquilo.
Disseram-lhe que era Jesus Nazareno que passava.
Então ele começou a gritar: «Jesus, filho de David, tem piedade de mim».
Os que vinham à frente repreendiam-no, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e mandou que Lho trouxessem. Quando ele se aproximou, perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?». Ele respondeu-Lhe: «Senhor, que eu veja».
Disse-lhe Jesus: «Vê. A tua fé te salvou».
No mesmo instante ele recuperou a vista e seguiu Jesus, glorificando a Deus. Ao ver o sucedido, todo o povo deu louvores a Deus.
Tradução litúrgica da Bíblia
São Gregório Magno (c. 540-604)
papa, doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho,
n.º 2; PL 76, 1081
«Ele [...] seguiu Jesus, glorificando a Deus»
O nosso Redentor, prevendo que os discípulos ficariam perturbados com a sua Paixão, anuncia-lhes com muita antecedência os sofrimentos da sua Paixão e a glória da sua Ressurreição (Lc 18,31-33); deste modo, vendo-O morrer como lhes anunciara, não duvidariam da sua Ressurreição. Mas, presos ainda à nossa condição carnal, os discípulos não podiam compreender estas palavras que anunciavam o mistério (v. 34). É então que intervém um milagre: diante dos seus olhos, um cego recupera a visão, para que aqueles que eram incapazes de assimilar as palavras do mistério sobrenatural fossem sustentados na sua fé à vista de um ato sobrenatural.
Devemos ter um duplo olhar sobre os milagres do nosso Salvador e Mestre: eles são factos, que devemos aceitar como tais, e são signos, que remetem para outra coisa. [...] Assim, no plano da história, não sabemos nada acerca deste cego. Mas sabemos que ele é designado de forma obscura. Este cego é o género humano expulso, na pessoa do seu primeiro pai, da alegria do Paraíso, que não tem qualquer conhecimento da luz divina e que está condenado a viver nas trevas. Contudo, a presença do seu Redentor ilumina-o; começa então a ver as alegrias da luz interior, e, desejando-as, pode pôr os pés no caminho das boas obras.
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