Evangelho segundo São João 18,33b-37.
Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o rei dos Judeus?».
Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
Tradução litúrgica da Bíblia
Orígenes (c. 185-253)
presbítero, teólogo
A oração, 25; GCS 3, 356
«Venha o teu Reino» (Mt 6, 10)
O reino do pecado é inconciliável com o reino de Deus. Portanto, se queremos que Deus reine sobre nós, «que o pecado não reine mais no vosso corpo mortal» (Rom 6,12). Mas «crucifiquemos os nossos membros no que toca à prática de coisas da terra» (Col 3,5), demos frutos do Espírito. Assim, como num paraíso espiritual, o Senhor passeará em nós (Gn 3,8), reinando sozinho com o seu Cristo. Este será entronado em nós «à direita do Todo-Poderoso» (Mt 26,64), que desejamos receber até que todos os seus inimigos presentes em nós «se tornem estrado para os seus pés» (Sl 110,1) e seja expulso para longe «todo o principado, toda a dominação e poder» (1Cor 15,24).
Tudo isto pode acontecer em cada um de nós até que seja destruído «o último inimigo [...]: a morte» (1Cor 15,26) e Cristo diga em nós: «Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor 15,55) Por isso, desde agora, que tudo o que é «corruptível» em nós se torne santo e «se revista de incorruptibilidade» e o que é «mortal» [...] se «revista da imortalidade» (1Cor 15,53) do Pai. Assim, Deus reinará sobre nós e estaremos desde já na alegria do novo nascimento e da ressurreição.
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