Paulo,
no belo hino da carta aos Efésios, descreve o que Deus nos presenteou: “Abençoou-nos
com toda bênção de seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo; Escolheu
para sermos santos e imaculados; Predestinou-nos a sermos seus filhos adotivos;
Pelo sangue de Cristo nos libertou; Perdoou em Jesus nossas faltas; Fez-nos
conhecer o mistério de sua vontade que é recapitular em Cristo o universo
inteiro (Ef 1,3-10).
Esta destinação, que supera todo nosso entendimento, nos conduzirá a contemplar
a face de Deus (Antífona
de entrada). Toda essa riqueza nós a temos porque acolhemos a Palavra
que nos foi transmitida pelo ministério da profecia e pela pregação dos
apóstolos. Todos esses dons privilegiados decorrem da escolha maravilhosa que
fez para nós: “Em Cristo, Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para que
sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar no amor (4). Ser santo é um
estado de vida que se reflete nas atitudes. Por esse dom participamos da missão
de anunciar o Reino como os apóstolos fizeram. O grande desvio da
espiritualidade foi fazê-la intimista e individualista. Viver a vida cristã é ter
a comunhão que nos faz anunciadores do Reino pela opção por Cristo e não por
uma ideologia espiritual que nos acalenta, mas não nos converte. O Pai nos pôs
em comunhão com Ele através de Jesus pela adoção de filhos que recebemos. É um
compromisso de, com Cristo, realizar a recapitulação de todas as coisas, isto
é, fazer que todas as coisas se dirijam a Cristo. É a grande missão profética
de tornar a Palavra sempre viva e eficaz. Assim o Reino de Deus se torna mais
visível e penetra todas as estruturas.
Uma
missão que transforma.
O envio dos apóstolos, dois a dois como sinal de
testemunho válido, adianta, de certo
modo, o envio no momento da Ascensão. A missão vai com o poder de expulsar os
espíritos impuros. A visão de Marcos é sempre a vitória de Jesus sobre o mal.
“Eles foram e pregaram para que todos se convertessem. Expulsavam os demônios e
curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6,12-13). O mundo novo só acontecerá com
a libertação do mal. Há um requisito muito claro de Jesus aos discípulos: o
desapego de tudo que possa impedir o anúncio. Não ter preocupação de nada, a
não ser que a Palavra seja acolhida. Quem recusa não permite realizar a
comunhão que gera a paz, não recebe a paz. Vemos aqui a figura de profeta de Deus
que foi Amós. Era um fazendeiro, ou coisa assim, que foi tomado pelo desejo de
que Deus fosse o Senhor dos dois reinos do povo. Ali, Amasias, profeta que
trabalhava para agradar ao rei, quer expulsar Amós que é um profeta de Deus.
Amós se defende dizendo que ele não precisa da profecia para comer o pão, pois
já tinha sua vida. Sua missão era um encargo que Deus lhe confiara. Não
profetizava para ganhar o pão, mas para ganhar o povo para Deus.
Opção
pela Palavra
Diante
dos grandes dons que Deus nos deu e os apelos a transformar o mundo pela
Palavra, nos colocamos na atitude de
orante que “quer ouvir o que o Senhor irá falar” (Sl 84). Amós soube ouvir a chamada de Deus.
Os apóstolos ouviram a chamada de Jesus. E nós ouvimos os contínuos apelos que
nos são feitos. É preciso fazer a opção por Jesus Cristo que se comunica
através de sua Palavra. E rezamos: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar
o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração). Ter fé é
ouvir a Palavra com o coração aberto e deixar que sua força cresça em nós.
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