quinta-feira, 29 de novembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Escolheu-nos para sermos santos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
O que Deus nos destina
            Paulo, no belo hino da carta aos Efésios, descreve o que Deus nos presenteou: “Abençoou-nos com toda bênção de seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo; Escolheu para sermos santos e imaculados; Predestinou-nos a sermos seus filhos adotivos; Pelo sangue de Cristo nos libertou; Perdoou em Jesus nossas faltas; Fez-nos conhecer o mistério de sua vontade que é recapitular em Cristo o universo inteiro (Ef 1,3-10). Esta destinação, que supera todo nosso entendimento, nos conduzirá a contemplar a face de Deus (Antífona de entrada). Toda essa riqueza nós a temos porque acolhemos a Palavra que nos foi transmitida pelo ministério da profecia e pela pregação dos apóstolos. Todos esses dons privilegiados decorrem da escolha maravilhosa que fez para nós: “Em Cristo, Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar no amor (4). Ser santo é um estado de vida que se reflete nas atitudes. Por esse dom participamos da missão de anunciar o Reino como os apóstolos fizeram. O grande desvio da espiritualidade foi fazê-la intimista e individualista. Viver a vida cristã é ter a comunhão que nos faz anunciadores do Reino pela opção por Cristo e não por uma ideologia espiritual que nos acalenta, mas não nos converte. O Pai nos pôs em comunhão com Ele através de Jesus pela adoção de filhos que recebemos. É um compromisso de, com Cristo, realizar a recapitulação de todas as coisas, isto é, fazer que todas as coisas se dirijam a Cristo. É a grande missão profética de tornar a Palavra sempre viva e eficaz. Assim o Reino de Deus se torna mais visível e penetra todas as estruturas.
Uma missão que transforma.
            O envio dos apóstolos, dois a dois como sinal de testemunho válido, adianta,  de certo modo, o envio no momento da Ascensão. A missão vai com o poder de expulsar os espíritos impuros. A visão de Marcos é sempre a vitória de Jesus sobre o mal. “Eles foram e pregaram para que todos se convertessem. Expulsavam os demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6,12-13). O mundo novo só acontecerá com a libertação do mal. Há um requisito muito claro de Jesus aos discípulos: o desapego de tudo que possa impedir o anúncio. Não ter preocupação de nada, a não ser que a Palavra seja acolhida. Quem recusa não permite realizar a comunhão que gera a paz, não recebe a paz. Vemos aqui a figura de profeta de Deus que foi Amós. Era um fazendeiro, ou coisa assim, que foi tomado pelo desejo de que Deus fosse o Senhor dos dois reinos do povo. Ali, Amasias, profeta que trabalhava para agradar ao rei, quer expulsar Amós que é um profeta de Deus. Amós se defende dizendo que ele não precisa da profecia para comer o pão, pois já tinha sua vida. Sua missão era um encargo que Deus lhe confiara. Não profetizava para ganhar o pão, mas para ganhar o povo para Deus.
Opção pela Palavra
            Diante dos grandes dons que Deus nos deu e os apelos a transformar o mundo pela Palavra,  nos colocamos na atitude de orante que “quer ouvir o que o Senhor irá falar” (Sl 84). Amós soube ouvir a chamada de Deus. Os apóstolos ouviram a chamada de Jesus. E nós ouvimos os contínuos apelos que nos são feitos. É preciso fazer a opção por Jesus Cristo que se comunica através de sua Palavra. E rezamos: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração). Ter fé é ouvir a Palavra com o coração aberto e deixar que sua força cresça em nós.

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