Ser missionário é a melhor contribuição para a
promoção do ser humano. Não é só um transmissor de verdades eternas e convite à
conversão. Missionário é todo aquele que conduz para o bem, a justiça e o amor.
Para quem crê em Cristo, ser missionário é também anunciar Aquele que dá o
sentido pleno à vida e introduz na comunhão com o Pai e por isso, na comunhão
com as outras pessoas, não só com os “irmãos”. Isso vai além de um simples viver bem. Evangelizar
é uma necessidade pessoal, pois “em todos os batizados atua a força
santificadora do Espírito que impele a evangelizar” (EG 119). Ninguém é, por princípio,
incapacitado para o anúncio do Evangelho. Temos uma certeza de fé: “O povo de
Deus é santo em virtude desta unção que o torna infalível. Sabemos que o povo
de Deus não pode enganar-se, mesmo que não saiba explicar”. Esta é uma das
razões porque o ensinamento da fé permanece inalterado, mesmo sofrendo as
divisões e as tormentas da história. “O Espírito Santo guia-o na verdade e o
conduz à salvação” (LG
12). O conjunto dos fiéis não erra. A isso chamamos de instinto da fé (Sensus fidei). O povo
de Deus não é um rebanho ignorante sem rumo. O Papa traz uma bela orientação:
“A presença do Espírito confere aos cristãos certa conaturalidade com as
realidades divinas e uma sabedoria que lhes permitem captá-las intuitivamente,
embora, não possua os meios adequados para expressá-las com precisão” (EG 119). Isso quer
dizer que o cristão tem essa sabedoria, mesmo sem saber explicar. Por isso é
capaz de conduzir-se e conduzir sua família e a sociedade no caminho do bem. O
bem é natural no ser humano. Evangelizar, mais que um dever, é um direito, pois
todos são responsáveis pela salvação de todos, não só padres e bispos.
1586. Evangelizadores pelo Batismo
A razão da ação
missionária está no Batismo, como ensina o Papa: “Em virtude do Batismo
recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário” (EG 120). Missionários
evangelizadores não são apenas alguns preparados e o povo só recebendo o
anúncio. Cada batizado tem o compromisso e a condição de ser anunciador. Vemos
que pessoas simples são capazes de educar sua família e influir no ambiente de
modo positivo. A razão dessa capacidade é a própria experiência que fez do amor
de Deus que salva. O Papa insiste que não é preciso ficar esperando muitas
lições. O exemplo já é dado pelos primeiros discípulos. Eles passaram um tempo
com Jesus e logo comunicam a Pedro: “Encontramos o Messias” (Jo 1,41). A
samaritana, logo após o primeiro diálogo com Jesus, tornou-se missionária: E
muitos samaritanos acreditaram em Jesus “devido às palavras da mulher” (Jo 4, 39). Paulo
inicia a pregar logo depois de sua conversão (At 9,20). Não devemos dizer discípulos e
missionários, mas discípulos missionários como uma única realidade, diz o Papa.
Quem de verdade crê, anuncia. O Batismo é a força que move ao anúncio.
1587. Deixar-se evangelizar
A própria formação vem do desejo de evangelizar
sempre mais e melhor. O segredo da formação para ser um evangelizador está na
capacidade de querer ser sempre evangelizado. Como se diz: ninguém é tão
ignorante que não possa nos ensinar; e ninguém é tão sábio que não tenha o que
aprender. Quanto mais sabemos, mais temos consciência de que não sabemos tudo.
A maior sabedoria é querer sempre aprender. Por isso, como diz o Papa, “Todos
devemos deixar que os outros nos evangelizem sempre... e encontrar um modo de comunicar Jesus que corresponda à
situação em que vivemos”(EG
121). O povo de Deus é evangelizador e sempre discípulo não só para
seguir, mas também para aprender.
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