Na
“Semana das Dores” celebramos o Mistério Pascal de Cristo. É um mistério de dor
e de glória. A Paixão sempre marcou o povo de Deus. Compreendemos pouco sobre a
Ressurreição, pois não temos a experiência. As dores do Redentor são mais
fáceis de compreender, mas difícil de aceitar. Estamos diante de um mistério
extremamente chocante que é a Paixão, Morte e sepultura do Senhor Jesus, Deus
feito homem. Como compreender que tenha chegado a esse ponto? A meditação da
Paixão nos fere. Por que chegar a esse ponto? Jesus mesmo, no Horto das
Oliveiras diz a Pedro que poderia pedir ao Pai que mandaria dez legiões de
Anjos (60.000 – soldados). Não quis. Por quê? O que poderia convencer as
pessoas do amor de Deus, se Deus não fosse ao extremo. Mesquinhos como somos,
iríamos dizer que Deus não fez tudo para nos salvar, fez só uma parte. A
humilhação, o aniquilamento do Filho de Deus estão presentes desde sua encarnação.
O sofrimento da morte foi o ponto doloroso que tocou sua humanidade. Aqui o ser
humano pode compreender a que ponto chegar para se fiel ao Pai. Temos
muitíssimos mártires que passam também por esses sofrimentos, ainda hoje.
Recebem força na sua fidelidade contemplando o sofrimento de Cristo. A dor
penetra toda a humanidade. E Jesus, naquele momento, carregava consigo tudo o
que há no universo. Ali estávamos nós também nos entregando a Deus e sendo
aceitos. Não podemos contemplar a dor e sair sem amor. Contemplando o amor de
entrega na cruz, podemos entender como atrair ao mesmo amor.
2021.
Vós que estivestes comigo
Em Cristo, nós acolhemos a vontade do Pai e respondemos com uma decisão
de vida que continua o amor de Cristo no mundo. Jesus sentiu muito a solidão da
cruz, mas viu que os discípulos, mesmo dispersados, não deixaram de segui-lo.
Jesus compreendia sua fragilidade, pois estiveram sempre com Ele: “E vós sois
os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações” (Lc 22,28). Em tudo Jesus estava com
eles. No momento da dor e da morte sentiu esse apoio. Vemos como Pedro, mesmo
tendo negado, segue-O. Depois da prisão, Pedro e João seguiam Jesus. João
entrou no pátio e Pedro ficou fora. João, amigo da família, falou com a
porteira e Pedro entrou (Jo
18,15-16). Estar com Jesus no sofrimento que passou, faz de nós também
seus companheiros de sofrimento. O sofrimento de Jesus, para nós, não está
presente somente nos crucifixos colocados nos ambientes. Bom, mas não são suficiente
para nós. Temos que estar permanentemente junto a seus sofrimentos. Ele já
ressuscitou, mas diz que continuamos sua Paixão: “Agora me
alegro nos meus sofrimentos por vós e completo no meu corpo o que falta às
aflições de Cristo, em benefício do seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
2022.
A Paixão continuada
Estamos
em uma Paixão continuada. Continuar a Paixão não se trata do sofrimento e da
dor, mas do mesmo amor com que Cristo caminhou para o Calvário, melhor, o que fez
toda sua vida. Sabemos por experiência que a santidade está sempre coroada de
espinhos. Na verdade não temos sossego. Há sempre algo a nos espetar. Paulo
chamava esses sofrimentos de espinho na carne (2Cor 12,7). E não escolhe lado. Paulo explica que era para
mantê-lo humilde. É o maior drama espiritual que vemos nas pessoas que não são
capazes de perceber o que estão passando. Estão no mistério da Cruz. Às vezes
são incompreensíveis os acontecimentos que levam a isso. Falta a sabedoria da
Cruz. Mesmo entre os santos acontecem desajustes. São humanos. Não podemos
descer da Cruz.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário