Os que foram ressuscitados, isto é, os que creram e foram
batizados estão sempre reunidos. É uma
característica da comunidade. Essa unidade não é apenas social, mas é comunhão
produzida pelo Espírito Santo que a torna Corpo de Cristo. São novas criaturas
que constituem o lugar onde se manifesta o Ressuscitado que dá o Espírito. Esse
é o Pentecostes permanente. A comunidade dos discípulos continua a presença do
Senhor e acolhe seu Espírito. O evangelista narra que as aparições se deram no
primeiro dia da semana que chamamos dia do Senhor, domingo (Dies Dominica). Mais que indicar o dia dessa presença indica
a força da comunidade reunida. Por isso rezamos nos domingos: “Este é o dia que
o Senhor fez, alegremo-nos e exultemos nele”. Refere-se à Ressurreição e ao dia
de sua manifestação. Mais que vencer a morte privilegia-se dar a vida.
Constitui a comunidade e lhe dá a vida. Por isso, Lucas nos Atos dos Apóstolos
insiste que o Espírito forma a comunidade para a escuta da Palavra, a comunhão
fraterna, a fração do pão (Eucaristia) e as orações (At 2,42). A Ressurreição atua na comunidade. O que
aconteceu com Jesus, ocorre na constituição da comunidade. Ela vive do Cristo
vivo, ressuscitado e não apenas vive a esperança de sua vinda e na certeza da
realização das promessas. Todos os domingos rezamos a profissão de fé: “Creio
em Deus Pai...” É um modo de indicar que é o dia de professar a fé como Tomé:
“Meu Senhor e meu Deus” (Jo
20,28). A comunidade reunida é um testemunho da fé e da força da
Ressurreição. Temos aí a razão da força da celebração dominical.
1877.
Envio para reconciliação
Jesus foi enviado ao Pai para a
reconciliação de todos com Deus. Essa foi sua missão e por ela se entregou
totalmente até à morte. Sendo para nós sinal de vida. Como Moisés que sempre
pedia que Deus perdoasse o povo, pois agia por ignorância e lembrava a Deus que
Ele tinha se comprometido com juramentos de levar esse povo à terra prometida.
Jesus, no momento da morte pede ao Pai que perdoe seus inimigos, e dá como
razão: “eles não sabem o que fazem” (Lc 23,33). Quis sempre a reconciliação. Para isso é preciso
sair de si e entregar-se ao outro. Para isso sopra sobre eles, lhes dá o
Espírito Santo e diz: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados,
eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). A missão
da comunidade é reconciliar-se e promover a reconciliação para que o mundo creia.
Esta é a economia de Deus. Significa: Tudo o que Deus fez foi para nos salvar.
Esse foi o primeiro ato do Ressuscitado. Esse deve permanecer para sempre. Essa
missão permanece na comunidade. Vivendo reconciliada de estabelece no mundo a
reconciliação. Para isso ela recebe o Espírito do Ressuscitado. Não podemos ver
aí só uma questão de confissão.
1878.
Discípulos felizes
A profissão de fé de Tomé que “viu para crer” torna-se a força da comunidade,
pois sua felicidade consiste em crer sem ver. A fé não exige sinais, basta que
o Espírito a confirme. Crer sem precisar tocar é mais que tocar para crer. Aqui
age o homem, lá age a graça do Ressuscitado. A fé vai levar a tocar as feridas
dos irmãos. Aí sim, tocamos o Ressuscitado que traz as marcas de sua Paixão.
Não podemos viver sem a Paixão de Cristo, pois ela nos faz compreender o quanto
o Senhor fez por nós e o quanto espera que cada um faça pelos outros. O toque
pela fé penetra no mistério e nos atinge na totalidade. Jesus tinha razão em
dizer que “felizes foram os que creram sem ter visto” (Jo 20,29).
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