Evangelho segundo S. João 6,52-59.
Naquele
tempo, os judeus discutiam entre si: «Como pode Jesus dar-nos a sua carne a
comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não
comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a
vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o
meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo
pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu
do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste
pão viverá eternamente». Assim falou Jesus, ao ensinar numa sinagoga, em
Cafarnaum.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Isaac o Sírio (século VII), monge
perto de Mossul
Discursos ascéticos, 1.ª série, n.º 72
A Árvore da Vida é o amor de Deus. Adão
perdeu-o na sua queda e nunca mais encontrou a alegria mas, pelo contrário,
trabalhava e penava numa terra cheia de espinhos (Gn 3,18). Aqueles que estão
privados do amor de Deus comem o pão do seu suor (Gn 3,19) em todas as suas
obras, ainda que sigam um caminho reto; foi esse o pão que foi dado a comer à
primeira criatura após a queda. Até que encontremos o amor, o nosso trabalho é
aí, na terra dos espinhos [...]; seja qual for o grau da nossa justiça pessoal,
é com o suor do nosso rosto que vivemos.
Mas, quando encontramos o amor,
alimentamo-nos do pão celestial e somos reconfortados para além de qualquer obra
e de qualquer pena. O pão celestial é Cristo, que desceu do Céu e deu a vida ao
mundo. É esse o alimento dos anjos (Sl 77,25). Aquele que encontrou o amor
alimenta-se de Cristo cada dia e a toda a hora, e torna-se imortal. Porque Ele
disse: «Quem comer deste pão viverá eternamente». Feliz aquele que come o pão de
amor, que é Jesus. Porque quem se alimenta do amor, alimenta-se de Cristo, do
Deus que domina o universo, Aquele de quem João testemunha, dizendo: «Deus é
amor» (1Jo 4,8).
Portanto, o que vive no amor recebe de Deus o fruto da
vida. Respira neste mundo o próprio ar da ressurreição, esse ar que faz as
delícias dos justos ressuscitados. O amor é o Reino. Foi dele que o Senhor
ordenou misteriosamente aos apóstolos que se alimentassem; «comer e beber na
mesa do meu Reino» (Lc 22,30) é o amor. Porque o amor é capaz de alimentar o
homem na vez de qualquer outro alimento e bebida. É esse «o vinho que alegra o
coração do homem» (Sl 104,16); feliz aquele que bebe tal vinho.
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