João Leão Gustavo Dehon nasceu no dia 14 de março de 1843 no pequeno povoado de La Capelle, em Soissons, na França. Sua mãe, Estefânia Adele Vandelet, era um exemplo de fé; mas seu pai, Júlio Alexandre Dehon, era indiferente e até mesmo anticlerical. Ainda criança, manifestou grande sensibilidade espiritual. Aos 13 anos, durante um retiro, sentiu o chamado para o sacerdócio e iniciou uma longa luta com o pai, que não pretendia ter um filho padre. Em 1859, foi para a Universidade de Sorbonne, em Paris, onde recebeu o diploma de advogado. Em 1865, aceitou a longa viagem que seu pai lhe proporcionou, com a clara intenção de que não seguisse a carreira sacerdotal. Foi um roteiro fascinante, começando pela Suíça, passando pela Itália, Grécia e Egito e finalizando na Palestina. No regresso, passou pela Síria, Constantinopla, Budapeste e Viena. Mas em vez de ir para casa, foi para Roma, onde conseguiu uma audiência com o papa Pio IX, que o aconselhou a fazer os estudos eclesiásticos ali mesmo, na Cidade Eterna. Assim, entrou para o Seminário de Santa Clara, mesmo contra a vontade paterna, uma vez que era Deus que o queria padre. O dia 19 de dezembro de 1868 foi o mais desejado e feliz da vida de Dehon. Mais desejado porque recebeu sua ordenação sacerdotal. Feliz porque seu pai, convertido sinceramente, recebeu a santa eucaristia das suas mãos, quando celebrava a sua primeira missa. Apesar de ter concluído muitos cursos e doutorados, padre Dehon foi designado para ser um simples vigário da pobre e problemática paróquia de São Quintino, da diocese de Soissons. Ele assumiu a missão com todo ardor e entusiasmo. Mas o sacerdote tinha algo que o inquietava. Sentia um forte desejo de ingressar numa congregação religiosa. Como não encontrou uma que atendesse seus anseios por justiça social associada às missões, decidiu e fundou a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus em 1878. Entretanto surgiu a grande provação. O governo maçônico da França decretou a expulsão das congregações religiosas. Padre Dehon, então, para proteger seus sacerdotes no caso de expulsão, adquiriu uma casa na Holanda, pois assim teriam onde refugiar-se. Mas a situação ficou tão complicada e confusa que foi o próprio Vaticano que suprimiu a congregação. Quem o socorreu foi seu bispo, que o conhecia muito bem. Em 1884, o papa decretou a reabertura da congregação. Desde então, padre Dehon trabalhou para consolidá-la, fundando novas Casas por toda a Europa. Depois, a congregação também se estabeleceu nas Américas, na África e na Ásia. E padre Dehon, sempre movido pelo objetivo de difundir o pensamento de justiça social da Igreja, proferiu muitas conferências, escreveu artigos em jornais e revistas e publicou vários livros. No dia 12 de agosto de 1925, morreu em Bruxelas, na Bélgica, deixando uma obra notável e duradoura como apóstolo social e, principalmente, como apóstolo do Coração de Jesus. Ele experimentou o amor de Deus ao contemplar o Coração de Jesus traspassado na cruz, testemunhou-o durante a sua vida terrena e imprimiu-o como carisma de sua congregação. No momento extremo, padre Leão Dehon ainda afirmou, apontando para a imagem do Sagrado Coração: "Para ele vivi, para ele morro". Atualmente, os religiosos "dehonianos" fazem o mesmo, evangelizando e trabalhando pela justiça social em paróquias, colégios, faculdades, orfanatos, creches, comunidades de recuperação de drogados, missões, shows musicais e meios de comunicação social, nos quatro cantos do mundo. O corpo do venerável fundador está sepultado na igreja de São Martinho, em São Quintino, na França.
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