domingo, 17 de janeiro de 2016

Homilia do 2º Domingo Comum (17.1.15)“Os discípulos creram Nele”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O vinho novo
            Encerramos o Tempo do Natal com o Batismo e iniciamos o Tempo Comum. O 2º Domingo Comum é especial. Todos os anos, neste domingo, celebramos a manifestação de Jesus aos discípulos. João usa palavras que mostram a fé dos discípulos: os discípulos creram Nele ou, em outras palavras, seguiram-No. Este domingo é como a passagem da Manifestação para o seguimento de Jesus a partir da fé e nos faz percorrer um evangelista fazendo um caminho espiritual. Jesus participa de um casamento em Caná, juntamente com os discípulos e Maria, sua Mãe. Provavelmente eram parentes. Maria percebe que o vinho acabara e diz a Jesus: “Eles não tem mais vinho”. A resposta de Jesus parece grosseira, pois a chama de mulher. Mulher, no hebraico é o termo nobre e respeitoso. Senhora. “Mulher, por que dizes isso? Minha hora ainda não chegou”. A primeira frase, na raiz hebraica (semita) é muito educada e diz muito do relacionamento de Jesus com Maria, que podemos traduzir: “Nós sempre nos entendemos”; ou “a senhora sabe o que eu penso”. “Minha hora não chegou”. A Hora de Jesus é sua Morte e Ressurreição. Fora outras interpretações, podemos dizer: A Hora da Glorificação ainda não chegou, por isso pode fazer o milagre para manifestar sua Glória. Maria não espera outra palavra e diz aos empregados que fizessem  tudo o que Jesus dissesse. A palavra que pode parecer grosseira é esclarecida pela atitude de Maria para com os empregados quando diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Passando à nossa vida temos a chamada a fazer o que Jesus diz para que tenhamos a mudança de água para o vinho. A conclusão do texto explica o sentido do milagre: “Esse foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná. Manifestou sua glória e seus discípulos creram Nele” (1Cor 12,11).
O sabor do vinho
            Jesus mandou que enchessem de água os potes destinados à purificação que os judeus costumam fazer. Jesus não realiza um milagre de fazer o vinho do nada. Transforma a água em vinho e manda servi-lo. Eram uns seiscentos litros. Temos aqui uma passagem do Antigo ao Novo Testamento. Jesus diz à samaritana que, quem bebe dessa água não mais terá sede (Jo 4,13). O Vinho Bom é servido pelo Esposo que agora é Jesus. Devemos ter consciência de que não vamos beber o vinho bom agora no dia a dia da vida, mas é reservado para o encontro na Glória do Céu. Quando buscamos as coisas do alto (Cl 3,1) antecipamos o gozo e o prazer que nos serão dados no Céu onde beberemos o Vinho do Espírito Santo (Ef 5,18).  Ele transforma a festa de casamento no matrimônio de Deus com seu povo que se realiza pelo dom da fé que nos é dado. Sabemos que Deus é nossa alegria.
A Mãe e a fé
            Esse momento em Caná tem a presença de Maria. Vemos ali o relacionamento existente entre Mãe e Filho. Dá-nos também a certeza da presença dessa Mãe em nossa vida, cuidando de nossas necessidades elementares. Mãe é mãe. Na Igreja temos sua presença como perpétuo socorro. Maria é símbolo da Igreja que deve sempre estimular as pessoas a ouvirem Jesus e beberem o vinho bom que Ele oferece que é a fé. Maria está presente no momento do primeiro ato de fé acontecido a partir dos sinais de Jesus. Estes sinais são os milagres para a fé. Ela está presente na vida de cada fiel para estimular à vida de fé. Não é possível desligar Maria da Redenção. Deus quis assim e assim vai ficar. Sem Maria temos o vinho, mas não o vinho bom tomado na união da comunidade.
Leituras: Isaías 62,1-5; Salmo 95; 1ªCoríntios 12,4-11; João 2,1-11. 
1.    O 2º Domingo Comum continua a Manifestação do Senhor e nos introduz no caminho espiritual de um evangelista. Em Caná, o milagre da água mudada em vinho é sinal da mudança que a fé realiza em nós. A presença de Maria salienta sua presença na Redenção. No milagre manifestou-se a Glória de Jesus e seus discípulos creram Nele. 
2.   O milagre representa a passagem do Antigo ao Novo Testamento onde se bebe a Água Viva que é a presença do Espírito, o vinho do Espírito. Não teremos a totalidade do sabor do Vinho bom que nos será servido na festa do Pai, mas poderemos pregustar das alegrias celestes. 
3.   A presença de Maria nos mostra seu relacionamento com o Filho que passa à compreensão de sua presença na Redenção. Ela é símbolo da Igreja que nos estimula a ouvir Jesus e beber o Vinho bom que Ele oferece que é a fé. Não podemos desligar Maria da Redenção. 
              O bêbado levou vantagem 
              Depois do Natal temos três festas para o mesmo ensinamento: Reis Magos, Batismo de Jesus e as Bodas de Caná. São três momentos para acolher a Manifestação do Senhor. Deus se manifestou a todos os povos na pessoa dos pastores e dos Magos, aos judeus no Batismo e aos discípulos nas bodas de Caná. No Presépio se manifestou aos simples e humildes, os queridos de Deus.
              Hoje temos o casamento em Caná. Esse ficou famoso porque nele Jesus iniciou sua missão. Quem O aceitar é como mudar a água em vinho bom. Ensina também que a fé em Jesus e em sua palavra é unir-se a Deus como num casamento. O Profeta Isaias diz que o amor de Deus pela cidade de Jerusalém é como o amor de um casal jovem. Chama a cidade de esposa bem amada de Deus.
              Quem tem a fé, recebe os dons do Espírito Santo para o bem. Deus nos dá os dons e o Espírito Santo os desenvolve em nós. 
              No evangelho das bodas de Caná além de Jesus, estava também sua Mãe. Não diz Maria. Esta Lhe diz que o vinho acabou. Jesus dá uma resposta difícil. Chama de Mulher, em hebraico diz o nome nobre de Senhora.  Pergunta: Mulher, porque dizes isso? Na raiz hebraica está dizendo: “A gente sempre se entende”. Minha hora ainda não chegou. A hora é a da cruz. Por isso o milagre pode ser feito. Diante do milagre os discípulos creram nele. Quem bebeu desse vinho, levou vantagem.Portanto, quando temos a graça de “ver” e compreender os sinais de Deus, nossa fé também tende a fortalecer.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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