terça-feira, 19 de janeiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O Sagrado Banquete”



PADRE LUIZ CARLOS 
DE OLIVEIRA CSsR
Memorial da Paixão
        A festa de Corpus Christi - Corpo de Cristo – surgiu na Idade Média, fruto de uma necessidade muito presente: Ver a “Hóstia Consagrada”. A Comunhão não era freqüente. Mesmo que a razão primeira da festa não se ligue tanto a nós, nós a conservamos pelo bem que faz à comunidade: um testemunho de fé na presença de Cristo na Eucaristia. Não podemos perder de vista o sentido da Eucaristia que está em Jesus e nos é explicado pelas Escrituras. É profetizada pela bela imagem do maná no Antigo Testamento, na caminhada do povo pelo deserto: “Não te esqueças do Senhor, teu Deus... que te alimentou no deserto com o maná, que teus pais não conheciam” (Dt 8,14.16ª) ; É realizada na Última Ceia de Jesus em união com sua Paixão e sua Ressurreição. É deixada para ser continuada como memorial na celebração do povo de Deus. S. João inicia o discurso sobre o Pão da vida assim: “Estava próxima a festa da páscoa dos judeus” (Jo 6,4); Na páscoa judaica, memorial da libertação do povo de Deus, Jesus institui a nova Páscoa, memorial de sua Paixão e Ressurreição. Celebrando a Eucaristia nós entramos em comunhão com a passagem de Jesus ao Pai, sua Páscoa. E, nesse gesto, realizamos nossa Páscoa. Celebrando a vida de Cristo, comungamos de sua Vida para nossa vida eterna.
Pão da vida eterna
            A liturgia de hoje reza a seqüência: “Aos mortais dando comida, dais também o Pão da vida; que a família assim nutrida, seja um dia reunida aos convivas lá dos Céus”. Como sabemos, João não narra a instituição da Eucaristia, como os outros evangelistas. Mas explica o que ela é: Pão da vida! Temos a fé, o amor e o Pão da vida para ter a Vida de Jesus. Jesus afirma: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós...minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida” (Jo 6, 53.55). Jesus é o pão, e o pão é Jesus. O símbolo do pão dá o sentido da vida que Jesus nos dá. Se é vida, é vida eterna. Por isso Ele completa: “Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54). A fé em Jesus é como comer sua carne. Comendo sua carne no Pão da vida, vivemos a vida eterna e seremos ressuscitados. Há uma oração antiga que diz: “É-nos dado o penhor da futura glória”. A Eucaristia penetra a vida, e nos faz penetrar no Céu.
Frutos da Redenção
            Paulo escreve: “O cálice que abençoamos, não é a comunhão com o sangue do Senhor? O pão que partimos, não é a comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10,16-17). Além da união a Cristo, nós nos unimos a todo o Corpo de Cristo, que somos nós com Ele. Há um processo de divinização. Vivemos sempre mais, com Ele, a vida divina. Há, no Livro da Sabedoria, um pensamento muito rico, quando comenta sobre o maná: “Nutristes vosso povo com um alimento de anjos... um pão já pronto, contendo em si todo o sabor, e adaptando-se a todos os gostos. Este vosso sustento manifestava vossa doçura para com vossos filhos; ele se adaptava ao gosto de quem dele comia e se transformava naquilo que cada um desejava” (Sb 16,20-21). Rezamos na missa que saboreamos já na terra o gosto da divindade. Jesus-Vida tem o sabor que cada um busca e é para aquilo que deseja de Deus. Deus de infinitos sabores, de infinitas novidades, a gosto de quem o ama. Além do mais, comungando, fazemos de nós sacrários vivos que levam, por onde vamos, Jesus.

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