domingo, 31 de janeiro de 2016

Homilia do 4º Domingo Comum (31.01.16)“A caridade não acabará”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Mistério da rejeição
            Na reflexão sobre o discurso de Jesus na sinagoga de Nazaré, pudemos conhecer que a missão de Jesus atinge o homem todo. Nada está fora do projeto de Jesus. Quer restaurar no homem a imagem de Deus danificada pelo pecado. O pecado fechou o Paraíso aos primeiros pais que recusaram o que lhes era proposto como vida. As consequências para humanidade não foram só um pecado cometido, mas um mal que penetrou as estruturas da humanidade. Essa rejeição continua na sinagoga de Nazaré. Chegam ao ponto de expulsá-Lo da cidade para lançá-Lo no precipício. Querem eliminar Jesus que é o Redentor de todos os males. Quer dizer: “Esse homem não pode viver porque é um incômodo para nós”. Um dos motivos da recusa dos judeus de Nazaré foi o fato de Jesus não corresponder à figura de um Messias glorioso e poderoso. O humilde camponês não pode ser aquele que esperam. Ainda mais que era um como eles. Dizem: ‘Se é poderoso em fazer milagres, porque não faz um espetáculo ali em Nazaré?’. A perseguição a Jesus por sua vida e ensinamentos vai culminar como causa de sua condenação à morte. O mal entrou no coração das pessoas. O mesmo aconteceu aos profetas, como lemos em Jeremias que se lamenta da perseguição. Essa é a linguagem que aparece nos lamentos dos justos durante as perseguições (Salmos 38. 41 e outros). O mundo rejeita Jesus, o Evangelho e sua anunciadora que é a Igreja. Ser profeta é penoso. Até dentro da Igreja há aqueles que não Evangelho levado às consequências práticas. Ou não o assumem como vida.
Muro de bronze
O profeta pertence a Deus, fala em nome de Deus e é confirmado pela realização das profecias. Escreve Jeremias sobre sua vocação: Deus disse: “Antes de formar-te no ventre materno, Eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te fiz profeta das nações”(Jr 1,5). Profecia não é somente falar o futuro, mas mostrar a vontade de Deus. Se ouvirem sua Palavra as coisas mudarão. Jesus anuncia o ano da graça do Senhor que é a remissão total. Até hoje vivemos esse momento, esperando o dia feliz de sua plena realização. Mesmo nos sofrimentos o profeta é garantido por Deus. Jeremias deve anunciar: “Levanta-te e comunica-lhes tudo o que Eu te mandar dizer. Não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles” (Jr 1,17). Quanto mais o evangelizador tem medo de dizer a verdade, com mais medo vai ficar. Mesmo que haja recusa e guerra contra o profeta, mais forte ele se torna: “Eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo...” (Jr 1,18). Jesus, ao ser ameaçado, passou entre eles. A força de sua personalidade espiritual e humana foi um muro de bronze diante da atitude da rejeição de seus compatriotas.
A força do amor
            A evangelização é uma obra de amor como resposta ao Deus que nos amou primeiro e enviou seu Filho (Jo 4,9-10). Paulo na primeira carta aos Coríntios na diz que o amor é o fundamento de tudo. Sem ele, a evangelização cai em terra seca.  Papa Francisco escreve “O amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o encontro em plenitude com Deus a ponto de se dizer de quem não ama o irmão, “está nas trevas” (1Jo 2,11). Somente a força do amor levou tantos cristãos a se entregarem à evangelização. A celebração da Eucaristia é um momento  de evangelização pela comunidade unida no amor e pela Palavra transmitida com coerência. A caridade manterá a evangelização até que o Senhor venha.
Leituras: Jeremias 4,5.17-19; Salmo 70; 1ªCor 12,31-13,13; Lucas 4,21-30 
1.    A redenção de Jesus atinge o homem todo. As consequências do pecado penetraram todas as estruturas do mundo. A rejeição à proposta de Deus no Paraíso continua na recusa a Jesus e culmina em sua morte. Os profetas são incômodos. A recusa acontece até dentro da Igreja quando querem abafar o Evangelho que atinge o homem todo. Recusa-se a Igreja como a Jesus. 
2.   O profeta pertence a Deus, fala em nome de Deus e é confirmado pela realização das profecias. Jeremias foi escolhido e consagrado já no seio de sua mãe. Profecia é conhecer e mostrar a vontade de Deus. Jesus anuncia o ano da graça que é a remissão total. Mesmo nos sofrimentos o profeta é garantido por Deus. O perigo o torna mais forte. 
3.   A evangelização é uma obra do amor como resposta ao Deus que nos amou primeiro e enviou seu Filho. O amor é o fundamento de tudo. Somente a força do amor levou os cristãos a se entregarem à evangelização. Eucaristia é momento de evangelização. 
              Torneiras fechadas 
              Como o Reino de Deus é oferecido, podemos fechar a porta para sua entrada. A porta do coração se abre por dentro. Depende de nossa aceitação. Deus não força.
              Jesus em Nazaré foi admirado por suas palavras com o anúncio do Evangelho. Foi recusado por seus compatriotas com quem vivera tantos anos. Diziam: ‘Como pode um que nós conhecemos e viveu aqui, falar desse modo e fazer milagres?’ O ciúme é uma víbora que mata. Levaram-no para fora da sinagoga para acabar com Ele, jogando-O no precipício.
              O profeta Jeremias também passa por essa situação. Foi um escolhido de Deus e consagrado como profeta. Teve medo porque era frágil como uma criança. Deus lhe diz: “Eu estarei contigo para defender-te” (Jr 1,19). A missão não termina com nossa fragilidade nem com a recusa dos homens. Eles querem acabar com o projeto de Jesus de renovação, pois ataca seus interesses e egoísmos.
O fundamento de tudo é o amor que é a chave para a abertura para o anúncio do Evangelho. O amor afasta toda fraqueza.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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