quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Chamados para anunciar”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Fundamentos da missão
            Jesus veio comunicar-nos a vontade do Pai: “A vontade daquele que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que Ele me deu, mas que eu o ressuscite no último dia” (Mt 6,39). Essa vontade do Pai, Jesus a cumpre pela misericórdia e compaixão, como lemos no Evangelho: “Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não tem pastor” (Mt 9,36). Cristo associa a si outros para que realizem a mesma missão. Por que temos que pedir ao Pai que mande operários para essa colheita? É o Pai quem escolhe. A escolha recai sobre quem sabe ter compaixão como seu Filho. E Jesus, com esse sentimento divino, escolhe os apóstolos. São homens como os outros, com o coração de Cristo. Foi por isso que o anúncio do Reino foi tão bem sucedido. Paulo nos explica que esse sentimento é uma iniciativa de Deus: “Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios... A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores... quando éramos inimigos de Deus formos reconciliados pela morte do seu Filho” (Rm 5,6.8.10). Deus, no encontro com Moisés no Monte Sinai, descreve como agiu para com o povo: “Eu vos levei sobre as asas de águia e vos trouxe a mim” (Ex. 19,4). Deus sempre toma a iniciativa. A escolha dos apóstolos é iniciativa de Jesus que toma a dianteira de dar aos abandonados homens e mulheres à altura do coração de Deus.
O Reino de Deus está presente
            Jesus diz aos apóstolos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘o Reino dos Céus está próximo”’ (Mt 10,6). A iniciativa de Deus não se refere só a uma demonstração de afeto. Jesus inaugura um modo de vida que nasce da compaixão e se estabelece como uma estrutura de vida. Reino é força transformante do amor, uma nação santa, um reino de sacerdotes, isto é, povo em contínuo contato com Deus. Não há mais barreiras, nem espaços sagrados separados. Mas o coração aberto do Filho que diz: “Vinde a mim vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos darei descanso! Tomai sobre vós o meu jugo e aprende de mim, porque sou manso e humilde de coração e achareis descanso, porque meu jugo é suave e meu peso, leve” (Mt 11,28-30). Nós podemos acolher: “Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos” (Ex 19,5). A Igreja é a anunciadora da presença desse Reino. E ela o faz pela misericórdia para com os pequeninos. A missão não está em agregar pessoas, mas que todos saibam que o Reino está próximo e possam se encantar com a compaixão, a ternura e a misericórdia de Jesus que ele manifesta.
Missão que transforma

            Dizer ternura e compaixão não está a significar que não nos envolvemos nos grandes problemas do mundo e das comunidades. Jesus é claro: “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios” (Mt 10,8). O próprio Jesus assim entendeu. Por sua vida e pregação, penetrou em todas as esferas da sociedade. Dizer revolucionou é pouco. Ele desmontou uma estrutura social e religiosa que vai culminar com mudanças sociais profundas, a partir do projeto do Reino. Por exemplo a dignidade da pessoa. Entre os cristãos, o escravo se assentava ao lado do senador romano. Não havia distinção entre judeu e pagão, homem e mulher, adulto e criança, rico e pobre. Se fizermos isto é porque já assumimos a mensagem e a vida de Jesus. 

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