PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Fundamentos
da missão
Jesus
veio comunicar-nos a vontade do Pai: “A vontade daquele que me enviou é esta:
Que eu não perca nenhum de todos aqueles que Ele me deu, mas que eu o
ressuscite no último dia” (Mt 6,39). Essa
vontade do Pai, Jesus a cumpre pela misericórdia e compaixão, como lemos no Evangelho:
“Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas
como ovelhas que não tem pastor” (Mt 9,36).
Cristo associa a si outros para que realizem a mesma missão. Por que temos que
pedir ao Pai que mande operários para essa colheita? É o Pai quem escolhe. A
escolha recai sobre quem sabe ter compaixão como seu Filho. E Jesus, com esse
sentimento divino, escolhe os apóstolos. São homens como os outros, com o
coração de Cristo. Foi por isso que o anúncio do Reino foi tão bem sucedido. Paulo
nos explica que esse sentimento é uma iniciativa de Deus: “Quando ainda éramos
fracos, Cristo morreu pelos ímpios... A prova de que Deus nos ama é que Cristo
morreu por nós, quando éramos ainda pecadores... quando éramos inimigos de Deus
formos reconciliados pela morte do seu Filho” (Rm
5,6.8.10). Deus, no encontro com Moisés
no Monte Sinai, descreve como agiu para com o povo: “Eu vos levei sobre as asas
de águia e vos trouxe a mim” (Ex. 19,4).
Deus sempre toma a iniciativa. A escolha dos apóstolos é iniciativa de Jesus
que toma a dianteira de dar aos abandonados homens e mulheres à altura do coração
de Deus.
O
Reino de Deus está presente
Jesus
diz aos apóstolos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘o Reino dos Céus está
próximo”’ (Mt 10,6). A iniciativa de Deus
não se refere só a uma demonstração de afeto. Jesus inaugura um modo de vida
que nasce da compaixão e se estabelece como uma estrutura de vida. Reino é
força transformante do amor, uma nação santa, um reino de sacerdotes, isto é,
povo em contínuo contato com Deus. Não há mais barreiras, nem espaços sagrados
separados. Mas o coração aberto do Filho que diz: “Vinde a mim vós todos que
estais cansados e oprimidos, e eu vos darei descanso! Tomai sobre vós o meu
jugo e aprende de mim, porque sou manso e humilde de coração e achareis
descanso, porque meu jugo é suave e meu peso, leve” (Mt 11,28-30). Nós podemos acolher: “Se ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os
povos” (Ex 19,5). A Igreja é a anunciadora
da presença desse Reino. E ela o faz pela misericórdia para com os pequeninos.
A missão não está em agregar pessoas, mas que todos saibam que o Reino está
próximo e possam se encantar com a compaixão, a ternura e a misericórdia de
Jesus que ele manifesta.
Missão
que transforma
Dizer
ternura e compaixão não está a significar que não nos envolvemos nos grandes
problemas do mundo e das comunidades. Jesus é claro: “Curai os doentes,
ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios” (Mt 10,8). O próprio Jesus assim entendeu. Por
sua vida e pregação, penetrou em todas as esferas da sociedade. Dizer
revolucionou é pouco. Ele desmontou uma estrutura social e religiosa que vai
culminar com mudanças sociais profundas, a partir do projeto do Reino. Por
exemplo a dignidade da pessoa. Entre os cristãos, o escravo se assentava ao
lado do senador romano. Não havia distinção entre judeu e pagão, homem e
mulher, adulto e criança, rico e pobre. Se fizermos isto é porque já assumimos
a mensagem e a vida de Jesus.
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