Jesus
encerra o discurso da montanha. Nele apresentou aos discípulos, com uma
parábola muito incisiva, o modo autêntico de viver: A casa construída sobre a
rocha. Assim explica: “Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é
como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha” (Mt 7,24). Nada a destrói. O que significa
construir a casa sobre a rocha? É “ouvir a Palavra e por em prática”. No
ensinamento do livro do Deuteronômio nós lemos: “Eis que ponho diante de vós a
bênção e a maldição; a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso
Deus, que hoje vos prescrevo” (Dt 11,26-27).
O mandamento é a expressão da vontade de Deus. Por em prática o mandamento é
obedecer à Palavra ouvida e interiorizada no coração. Não basta a prática
externa que Jesus recrimina como insuficiente: “Muitos vão dizer: Senhor,
Senhor, não foi em teu nome que profetizamos... expulsamos os demônios... e
fizemos tantos milagres?” (Mt 7,22). A
resposta é muito dura: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que
praticais o mal”! (Mt 7,23). A bênção, como
ensina Jesus, é a segurança que se encontra na prática da Palavra. Assim rezamos
no refrão do salmo 30: “Senhor, eu ponho em vós a confiança; sede uma rocha
protetora para mim” (Sl 30). Todo aquele
coloca o fundamento de sua vida em Cristo, cumprindo sua palavra, cumpre a
vontade do Pai e tem firmada sua vida sobre a rocha que é Cristo. Por esse ato
de fé temos a justificação de que nos fala Paulo (Rm
3,28). Assim se entra no Reino de Deus (Mt
7,21).
Palavras
vazias
Ouvir
a Palavra e não por em prática é construir sobre a areia. Não resistirá às
provações e contratempos pelos quais passamos para viver a fé. Crer sem praticar
é não viver. O vazio que o desconhecimento da vontade de Deus provoca é a
escolha de uma maldição. Lemos também: “A maldição, se desobedecerdes aos
mandamentos do Senhor vosso Deus e vos afastardes do caminho que hoje vos
prescrevo” (Dt 8,28). Mesmo que façamos
milagres, expulsemos os demônios e profetizemos em nome de Jesus, se não
praticamos a vontade do Pai (Mt 7,26), não
entraremos no Reino dos Céus. Buscar o vazio idolátrico esvazia nosso culto a
Deus. Os deuses do nada invadem a sociedade na busca do tesouro que a ferrugem
e a traça destroem (Mt 6,19), na busca da
vaidade que passa e na busca do prazer que amarga. Por isso completa Jesus:
“Onde estiver vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6,21). Rezamos na missa: “Afastai de nós o
que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil” (oração).
Incutir
as palavras no coração
A Palavra proclamada indica-nos como edificar a casa sobre a rocha: “Tende, pois grande cuidado em cumprir todos os preceitos e decretos que hoje vos proponho” (Dt 11,32). Para esse cumprimento da Palavra, temos de tê-la sempre diante de nós, como nos ensina o livro do Deuteronômio: “Incuti esta minhas palavras em vosso coração e em vossa alma; amarrai-as, como sinal, em vossas mãos e colocai-as como faixas sobre vossa testa” (Dt 11,18). Os amigos do vazio faziam isso, mas sem levar ao coração. Jesus critica-os por essa pura exterioridade. Vivemos um tempo em que as coisas que brilham têm mais valor do que o alicerce profundo que sustenta a casa. Acolher Jesus é acolhê-lo no coração como a rocha sobre a qual edificamos nossa vida ouvindo sua Palavra e colocando em prática. A solidez de nossa fé levada à prática é um melhor testemunho que podemos dar ao mundo.
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