Evangelho segundo S. Marcos 9,2-10.
Naquele
tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar
retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes
tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra
as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com
Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos
aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem
que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu
Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais
ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus
ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do
homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas
perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos.
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Leão Magno (?-c. 461), papa,
doutor da Igreja
Homilia 51, sobre a Transfiguração; SC 74 bis
Jesus ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão
depois de o Filho do Homem ter ressuscitado dos mortos.
Jesus queria armar os seus apóstolos com uma
grande força de alma e uma constância que lhes permitissem carregar sem temor a
sua própria cruz, a despeito da sua dureza. Queria também que eles não corassem
com o seu suplício, que não considerassem uma vergonha a paciência com que Ele
haveria suportar uma Paixão tão cruel, sem nada perder da glória do seu poder.
Por isso, Jesus «tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os a um monte
elevado» e ali lhes mostrou o esplendor da sua glória. Embora tivessem
compreendido que a majestade divina estava nele, eles ignoravam ainda o poder
contido naquele corpo que encobria a divindade. […]
O Senhor revela
a sua glória na presença das testemunhas que escolhera; e o seu corpo,
semelhante a todos os outros corpos, difunde um esplendor tal, «que o seu rosto
brilhava como o sol e as suas vestes estavam brancas como a neve». O objectivo
desta transfiguração era indubitavelmente retirar do coração dos seus discípulos
o escândalo da cruz, não permitir que a humildade da sua Paixão voluntária lhes
abalasse a fé […]; mas esta revelação também fundava na sua Igreja a esperança
que haveria de sustentá-la. Deste modo, todos os membros da Igreja, que é o seu
Corpo, compreenderiam que um dia esta transformação também haveria de operar-se
neles, pois fora prometido aos membros que participariam na honra que
resplandeceu na Cabeça. O próprio Senhor dissera ao falar da majestade do seu
advento: «Então os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai» (Mt
13,43). Por seu turno, o apóstolo Paulo afirma: «Tenho como coisa certa que os
sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há-de
revelar-se em nós» (Rom 8,18). […] E também: «Porque estais mortos e a vossa
vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida,
aparecer, então também vós aparecereis com Ele, revestidos de glória» (Col
3,3-4).
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