Evangelho segundo S. João 11,45-56.
Naquele
tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem
condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o
dos mortos, acreditaram n’Ele. Alguns deles, porém, foram ter com os
fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Então os príncipes dos
sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer,
uma vez que este homem realiza tantos milagres? Se O deixamos continuar
assim, todos acreditarão n’Ele; e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar
santo e toda a nação». Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano,
disse-lhes: «Vós não sabeis nada. Não compreendeis que é melhor para nós
morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto
por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus
havia de morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para congregar
na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse
dia, decidiram matar Jesus. Por isso Jesus já não andava abertamente entre
os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade
chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos.
Entretanto, estava
próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se
purificarem, antes da Páscoa. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos
outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 28 sobre o Cântico dos Cânticos
«É melhor para nós morrer um só homem pelo povo»
A fim de branquear a multidão, um só Se
deixou escurecer […], porque «é melhor, diz a Escritura, que um só homem morra
pelo povo». É bom que um só seja condenado «em carne semelhante à do pecado»
(Rom 8,3), e que a raça não seja toda condenada pelo pecado. O esplendor da
essência divina vela-Se sob a forma de escravo para salvar a vida do escravo. O
brilho da vida eterna escurece na carne para purificar a carne. Para iluminar os
filhos dos homens, o mais belo dos filhos dos homens (Sl 44,3) deve
obscurecer-Se na sua Paixão, aceitar a vergonha da cruz. Exangue na morte, perde
toda a beleza e toda a honra, para apresentar a Si mesmo a Igreja gloriosa, sem
mancha nem ruga (Ef 5,27).
Mas, sob esta tenda negra (Ct 1,5) […],
reconheço o rei. […] Reconheço-O e beijo-O. Vejo a sua glória que está no
interior; adivinho o brilho da sua divindade, a beleza da sua força, o esplendor
da sua graça, a pureza da sua inocência. Cobre-O a cor miserável da enfermidade
humana; a sua face está como que escondida, agora que, para Se parecer connosco,
Ele passou por provações como nós, mas não pecou.
Reconheço também a
forma da nossa natureza impura, reconheço esta túnica de pele, a veste dos
nossos primeiros pais (Gn 3,21). O meu Deus vestiu-Se com ela, tomando a forma
do escravo, tornando-Se semelhante aos homens (Fil 2,7) e vestindo-Se como eles.
Sob essa pele de cabrito, sinal do pecado com que Jacob se cobriu (Gn 27,16),
reconheço a mão que não pecou, a nuca jamais curvada sob o domínio do mal. Eu
sei, Senhor, que és por natureza manso e humilde de coração, acessível,
pacífico, sorridente, tu que foste «ungido com óleo de alegria, mais do que os
teus iguais» (Mt 11,29; Sl 44,8). De onde Te vem então essa rude semelhança com
Esaú, essa horrível aparência do pecado? Ah, é a minha! […] Reconheço o meu bem
e, debaixo da minha face, vejo o meu Deus, o meu Salvador.
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