Muitas foram as alianças que Deus
fez com seu povo no Antigo Testamento. Cada encontro com Deus é sempre um motivo
para uma aliança. Essas alianças foram realizadas mediante ritos de sangue e
proclamação de leis. A nova aliança, profetizada por Jeremias (31,31-34),
acontece no coração, envolvendo o centro da pessoa num laço de amor, não
somente em um ritual. É marcada pelo sangue de Cristo que é Sua vida. Em Cristo
o Pai estabelece conosco uma definitiva relação de vida. A lei da nova aliança
terá como código o amor de entrega, como Jesus fez na cruz. A aliança vai ser
impressa no coração. Assim o conhecimento de Deus não se faz somente por um
ouvir dizer, mas por um conhecimento pessoal que provém da união a Cristo em
Seu sofrimento. O evangelho diz que os gregos querem ver Jesus, quer dizer,
também eles querem crer. Ver significa crer e realizar a aliança. Jesus vive
nesse momento a grande tensão com os judeus (os chefes do povo) que querem
destruí-lo. Entram assim na lógica de Deus, pois elevar Jesus na cruz é sua
glorificação, visto que ali Ele atrai a todos. A humilhação de Jesus na sua
paixão leva-o à glorificação. Ser elevado na cruz é ser exaltado. Sua morte
leva-o à vida. No profundo da humanidade assumida na obediência ao Pai está sua
glorificação e a realização da aliança gravada no coração. Esta aliança
acontece por primeiro no coração do Filho que se entrega por amor e depois em
nós que entramos nesse ritmo de amor.
Estrada
batida
O caminho de Jesus passa pela morte, pois ela é a causa de vida.
Caminhando para Jerusalém Jesus mostra um atalho: “Se alguém quer me servir,
siga-me. Onde Eu estou estará também meu servo”. Que atalho? “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre
permanece só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito fruto” (Jo
12,24). Seguir Jesus e acompanhá-lo em Sua entrega de vida para chegar à Vida:
“Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste
mundo, conservá-la-á para a vida eterna”(25). Estes são os caminhos de Deus que
diferem tanto de nossos caminhos. A estrada batida para se chegar à vida plena
deve fazer o caminho de aniquilação que Jesus fez: entregar-se em amor de
aliança. O sofrimento não foi fácil para Ele, como não o é para nós. A carta
aos Hebreus (5,7-9) conta-nos como foram dolorosos seus dias: “Cristo, nos dias
de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,
Àquele que era capaz de salvá-lo da morte [...] Mesmo sendo Filho aprendeu o
que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu” Nessa estrada batida
podemos estar unidos a Ele.
Tornou-se
causa de salvação
Unidos a Ele em Sua morte estamos com
Ele em Sua ressurreição que é a causa de salvação do mundo. A carta aos Hebreus
(9) continua: “Na consumação de Sua vida, tornou-se causa de salvação eterna
para todos os que lhe obedecem”, os que O seguem. O grão de trigo morto produz
muito fruto. A glorificação de Jesus na cruz continua em Sua ressurreição.
Somente a fé em Cristo nos faz entender que o sofrimento é o passo de nossa
glorificação com Ele. Enquanto não nos dispusermos a viver o seguimento de
Jesus na humildade e na entrega, não compreenderemos o caminho de Jesus. Não é
o sofrimento pelo sofrimento, mas sim a entrega de vida em pequenos gestos de
amor, que mesmo sofridos, são redentores.
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