A Eucaristia como todo sacramento,
mas sobretudo ela, é caminho eminente e necessário para a vida espiritual. Não
vamos estudá-la em seu conteúdo teológico, mas no aspecto vivencial, o que não é
excludente. Jesus colocou nesse sacramento todas as condições para o encontro
salvador com Deus. Assim fez ao Se encarnar. Usando a matéria humana para que
tivéssemos acesso a sua divindade deixou nos sacramentos Seu modo de ser. Assim
usa a estrutura sacramental, isto é, realidades humanas e divinas que se
completam, se explicam e realizam. A Eucaristia é o centro da vida do mundo
porque nela temos os elementos materiais (pão e vinho – comida e bebida) essenciais
para a vida humana. Temos Cristo, vida divina, que veio a nós na encarnação e
continua presente em cada Eucaristia.
Ela é a vida de Deus em nós. O símbolo e a realidade do sacramento da
Eucaristia mostram-nos como viver. Assim se faz o caminho da vida espiritual. A
espiritualidade eucarística não se funda só em atitudes durante uma celebração
ou adoração, mas no dia-a-dia e no mais íntimo de nós. A celebração da missa é
caminho de espiritualidade, tanto no que realiza em nós, como no caminho que
nos dá para vivermos na comunidade. Em Jesus tudo é fácil, acessível,
compreensível. Se não o é, devemos procurar onde está o defeito, pois Jesus fez
certo. Como caminho de espiritualidade, ela nos
dá a vida e nos ensina a vivê-la.
239.
Síntese da obra de Jesus.
É tão bonito perceber a sabedoria de
Jesus ao encontrar um meio de ficar conosco e em nós de um modo tão fácil.
Permanece como vida tanto espiritual (Deus em nós) como material (pão e vinho),
que é o sustento do corpo e como no amor que é a vida da comunidade. É a
síntese de tudo. Toda a obra de Jesus consistiu em nos remir para estarmos
unidos ao Pai e implantarmos Seu Reino através da dinâmica do amor fraterno.
Disse Ele: “Isto vos mando: é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15,17). Amar é
estar em Deus. Amar
é abrir-se à pessoa do outro. Assim se edifica o corpo de Cristo. A fé que nos une
a Cristo acontece pelo amor, seiva divina, que alimenta a vida do Corpo de
Cristo. O amor não é só um sentimento. É uma ação concreta: “Tive fome e me
destes de comer” (Mt 25,35). “Eu estava alegre e você se alegrou comigo. Estava
sozinho e você perdeu tempo comigo’. “O que fizestes ao menor dos irmãos foi a
mim que o fizestes” (40). Tudo o que a Eucaristia é, passa à nossa vida. A densidade
da eucaristia é tão grande que se insiste que os demais sacramentos sejam
celebrados dentro dela. Há uma unidade e uma mútua convergência dentro da
Eucaristia.
240.
Cume e fonte da vida cristã
O Concílio Vaticano II, no documento
sobre a liturgia, ensina que ela seja o ponto de partida e de chegada de toda a
vida da Igreja, tanto da vida pastoral, como da vida espiritual. As assim
chamadas devoções devem se orientar à Eucaristia e dela tirar sua orientação: “Da
Eucaristia, de alguma forma, derivem e para ela encaminhem o povo, pois que ela
por sua natureza, em muito as supera” (SC 13). Do contrário perdem o sentido.
Da Eucaristia tiramos força e orientação para viver e, vivendo, nos estimulamos
a celebrar. Por ser caminho de espiritualidade, o cristão deve tê-la como
centro da vida. Sem ela não sabemos como fazer o caminho, não se tem forças
para caminhar. Nela está vivo e presente o Cristo redentor que é verdade,
caminho e vida. A Eucaristia como caminho de espiritualidade estará sempre
presente na vida do cristão.
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