A
celebração do Domingo de Ramos tem dois aspectos: Primeiro, a alegria da
entrada do rei pacífico na sua cidade. Esta O acolhe festivamente aclamando-o
como o Messias prometido. Essa caminhada para Jerusalém, da qual fazemos
memória com os ramos, antecipa nossa entrada na Jerusalém celeste. Assim
rezamos: “Pai, abençoai estes ramos, para que, seguindo com alegria o Cristo,
nosso Rei, cheguemos por Ele à eterna Jerusalém” (oração). A celebração
antecipa a festa da Páscoa onde Cristo assume todo poder e glória de Filho do
Pai. O segundo, é a Paixão. Ouvimos a narrativa da Paixão de Jesus. Entramos
assim no insondável projeto divino de Redenção. A Paixão de Cristo é uma escola
para todo cristão. Se não formos alfabetizados pelo sofrimento, não
entenderemos o sentido da glória e do poder que há em Cristo e dos quais
participamos. Isaias 50,4-7, ensina que o Servo aprendeu no sofrimento: “O
Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de
conforto à pessoas abatidas; Ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo” (4). Somente participa da glória quem passa
com Cristo pela compreensão do sofrimento. O profeta continua: “Ofereci as
costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba” (6). Deus não
quer o sofrimento, e nos acolhe quando temos confiança nEle: “O Senhor meu Deus
é meu Auxilio por isso não me deixei abater o ânimo” (7). Cristo sente a
necessidade do auxílio do Pai em seu abandono: “Ó minha força, vinde logo em
meu socorro” (Sl 21).
Humilhou-se
a si mesmo
O sofrimento de Jesus não foi
procurado, nem aceito com facilidade, pois clamou para dele ser livre: “Ó Pai,
tudo te é possível: afasta de mim este cálice, mas não se faça como eu quero,
mas como Tu queres” (Mc 14,36). A aceitação do sofrimento é Sua atitude de
entrega voluntária . Por nós, Ele se esvaziou, para fazer-se um homem como nós
abaixou-se totalmente, fazendo-se obediente ao Pai até o abismo da cruz e da
morte, onde a própria humanidade se oculta, como a divindade se ocultou na
humanidade. O vazio total é Sua obediência, pois o Filho é totalmente aberto ao
Pai. Por isso Isaias diz: “abriu-me os ouvidos” (5). A obediência significa
estar pronto a ouvir fazendo do sentimento do Pai nosso sentimento como Ele o
fez. Humilhar-se é esvaziar-se para encher-se da Vida. Na Paixão, o Filho é ao
mesmo tempo amor do Pai e resposta do homem. Assim abriu para nós a porta da
vida.
Rasgou-se
o véu do templo
A
narrativa da Paixão diz: “Jesus deu um alto grito e expirou. Nesse momento, o
véu do templo se rasgou de alto abaixo, em duas partes” (Mc 15,37-38). Essa
constatação é necessária para entender o sentido da morte de Jesus. No momento
em que seu corpo é destruído pela morte, rompe-se o véu. Deus dissera a Moisés:
“Pendurarás o véu e levarás para dentro do véu a arca da aliança; este véu vos
fará separação entre o lugar santo e o santo dos santos” (Ex 26,33). A separação
que havia entre Deus e o homem se rompe com a morte de Jesus. A carta aos
Hebreus escreve “pelo caminho que
Ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne”
(Hb 10,20). No lado de Cristo rasgado pela lança, podemos ir a Deus. Não somos
mais impedidos. Por isso o véu se rasgou. Entre os dois Testamentos há um
caminho aberto: Jesus morto e ressuscitado.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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