Evangelho segundo S. João 12,20-33.
Naquele
tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido:
«Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André
e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que
o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o
grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito
fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste
mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me
siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir,
meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer?
Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O
glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e
ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por
vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora
em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da
terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte
ia morrer.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI, Papa de 2005 a 2013)
"Um só
Senhor", 1965
«Se morrer dará muito fruto»
Ser cristão é, antes de mais e sempre,
arrancar-se ao egoísmo que vive exclusivamente para si, para se entrar numa
grande orientação inabalável de vida de uns para os outros. No fundo, todas as
grandes imagens escriturais traduzem esta realidade. A imagem da Páscoa..., a
imagem do Êxodo..., que começa com Abraão e que se torna numa lei fundamental,
ao longo de toda a história sagrada: tudo isso é a expressão desse mesmo
movimento fundamental que consiste em repudiar uma existência virada sobre si
mesma.
O Senhor Jesus enunciou esta realidade da maneira mais profunda na
comparação do grão de trigo, que mostra simultaneamente que essa lei essencial
não só domina toda a História, como marca, desde o princípio, a criação inteira
de Deus: «Em verdade vos digo, se o grão de trigo não cair na terra e não
morrer, ficará só; mas se ele morrer, dará muitos frutos.»
Na Sua morte e
Ressurreição, Cristo cumpriu a lei do grão de trigo. Na Eucaristia, no pão de
trigo, tornou-se verdadeiramente no fruto cêntuplo (Mt 13,8)de que vivemos ainda
e sempre. Mas, no mistério da santa Eucaristia onde continua a ser para sempre
Aquele que é verdadeira e plenamente «para nós», convida-nos a entrar, dia após
dia, nessa lei que mais não é do que a expressão da essência do amor
verdadeiro...: sair de si mesmo para servir os outros. O movimento fundamental
do Cristianismo é, em última análise, o simples movimento do amor pelo qual nós
participamos no próprio amor criador de Deus.
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