PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Eram como ovelhas sem pastor.
O evangelho (Mt 9,38-10) mostra Jesus no meio das multidões. Contemplamos seus sentimentos em relação às multidões que Lhe corriam atrás. “Vendo-as, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor” (9,36). O povo está sempre sofrido. Como é possível sobreviver na situação em que o mundo coloca os sofredores? Jesus é a resposta. Tem o coração ferido pelo sentimento ao ver o povo sofrido. Somos os mais infelizes do mundo quando não vemos a realidade do povo e não tomamos a mínima atitude para aliviar sua dor. Jesus tem uma decisão firme: curar todos os males. Para isso chega ao extremo sacrifício para dar uma resposta coerente a sua dor. O sentimento de Jesus não para em uma dor passageira. Ele toma atitudes. Quando apresenta seu programa de vida, na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso mandou-me evangelizar os pobres, sarar...” (Lc 4,16-19). Podemos recordar que são os mesmos sentimentos de Deus e a mesma atitude diante do sofrimento do povo no Egito: “Eu vi o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi seus clamores e desci para...” (Ex 12,1ss ). É um sentimento que conduz a uma ação concreta e conseqüente. Jesus exemplifica essa atitude na parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37): viu o homem caído, desceu do jumento, curou as feridas, levou para uma hospedaria, cuidou, deixou sob cuidados e voltou para completar a ação. Nós da Igreja somos de muitas palavras (e não só os católicos) e pouca ação. Há muita aleluia e pouca farinha na cuia. O cristão, em qualquer função que exerça, é enviado por Jesus para minorar o sofrimento do povo.
Pedi ao Senhor operários para a messe
O primeiro recurso que esse sentimento oferece a Jesus para o cumprimento de tal missão – minorar o sofrimento do povo – é a busca de colaboradores. O povo da Antiga Aliança tinha 12 pedras angulares que eram os 12 filhos de Jacó. Escolhe 12 colaboradores que deverão, em primeiro lugar, continuar a compaixão para com as multidões sofridas e cansadas. Vejamos quanto estamos distantes dessa responsabilidade! Quem é o colaborador? O evangelho dá sua lista. São homens do povo que fazem parte da multidão sofrida. Mas por que devemos pedir os operários se Deus já sabe da necessidade? O fato de pedir indica que temos no coração a compaixão de Jesus pelos sofredores. Deus atende porque ama e tem compaixão. O fato de Cristo morrer por nós quando ainda éramos pecadores é expressão da compaixão. Sendo compassivo não deixará Sua Igreja sem servidores. Sua compaixão continua e nós participamos dela como seus colaboradores.
O que é missão?
Os colaboradores de Cristo continuarão sua missão, pois foram mandados para “expulsar os maus espíritos e todo tipo de doença e enfermidades”. Jesus diz: “Em seu caminho anunciem: o Reino de Deus está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios”. Cada liturgia é espaço de exercer a compaixão de Jesus. Ela nos educa a ter os mesmos sentimentos de Jesus porque nos coloca em comunhão com Ele e com os irmãos. Ela nos estimula a abrir os olhos para ver com os olhos de Jesus e nos fortifica para pôr em atos a compaixão.
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