Evangelho segundo S. Lucas 19,41-44.
Naquele
tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela
e disse: «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a
paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos. Virão dias para ti, em que
os teus inimigos te hão-de cercar de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de
todos os lados; hão-de esmagar-te contra o solo, assim como aos teus filhos
que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não
teres reconhecido o tempo em que foste visitada.»
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938),
monge trapista espanhol
Escritos espirituais 23/02/1938
«Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a
paz!»
Debrucei-me um pouco da janela. […] O sol
começava a levantar-se. Uma paz muito grande reinava sobre a natureza. Tudo
começava a despertar, a terra, o céu, os pássaros. Tudo, pouco a pouco, começava
a despertar sob as ordens de Deus. Tudo obedecia às suas leis divinas, sem
queixas nem sobressaltos, suavemente, com mansidão, tanto a luz como as trevas,
tanto o céu azul como a terra dura coberta pelo orvalho da alvorada. Que bom é
Deus!, pensava eu. Há paz em todo o lado, excepto no coração humano.
E delicada, suavemente, Deus ensinou-me também, nessa madrugada
suave e tranquila, a obedecer; uma grande paz preencheu a minha alma. Pensei que
só Deus é bom, que tudo é ordenado por Ele, que nada no que os homens fazem ou
dizem tem importância, e que, para mim, só uma coisa deve haver no mundo: Deus.
Deus, que tudo vai ordenar para o meu bem. Deus, que faz que a cada manhã o sol
se levante, que faz que a geada derreta, que faz que os pássaros cantem, e que
transmuta as nuvens do céu em mil cores suaves. Deus, que me oferece um cantinho
nesta Terra para eu orar, que me dá um cantinho onde poder ficar à espera
daquilo em que ponho a minha esperança.
Deus, tão bom para comigo
que, no silêncio, me fala ao coração, e me ensina aos poucos, talvez em
lágrimas, sempre com a cruz, a desligar-me das criaturas; a não procurar a
perfeição a não ser nele; que me mostra Maria e me diz: «Eis a única criatura
perfeita; nela encontrarás o amor e a caridade que não encontras junto dos
homens. De que te queixas tu, Irmão Rafael? Ama-Me, sofre comigo; sou eu,
Jesus!»
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