Vida nova, vida do Espírito
No princípio tudo era caos e confusão. “O espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2) para que tivessem vida. A palavra espírito, sopro, na bíblia é ruah. O sopro de Deus deu início à criação. O mesmo hálito de vida foi soprado no rosto do homem para que se tornasse ‘alma vivente’ (Gn 2,7). Em Pentecostes, o sopro de Deus sobre os homens dá a vida nova. No dia da Ressurreição Jesus sopra sobre os discípulos e diz “Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22-23). Celebrando o dia de Pentecostes, ouvimos que “um vento impetuoso” anuncia o Espírito que desce sobre os apóstolos. A vida nova trazida por Cristo torna-se realidade aberta a todos as pessoas. Vida nova é reconciliação, nova aliança, nova criação para todos os povos. Como no Monte Sinai a lei foi transmitida em meio a uma fenomenal epifania, em Pentecostes, a nova lei é dada não só a um povo escolhido, mas a todos os povos, representados por tantos peregrinos que acorreram ao Cenáculo onde estavam reunidos os apóstolos. De todos os povos Deus faz nascer a Igreja da qual o Espírito é a alma, a vida. O Espírito faz de todos os povos que creram em Jesus, um único corpo.
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
As línguas do Espírito
No momento de Pentecostes estavam em Jerusalém povos de todas as nações mais conhecidas. Todos entendiam, em sua língua, o que os apóstolos falavam (At 2,5-6). O grande dom do Espírito é que sua linguagem é entendida por todos. A língua do Espírito é a verdade de Jesus. Todos os povos entendem a linguagem do Espírito e transformam sua vida na verdade que é Jesus. Tornaram-se eles próprios anunciadores do Evangelho. O Espírito usa linguagens diferentes. Cada povo responde ao Espírito do seu modo. A unidade da Igreja não se faz pela língua única nem pela mesma expressão litúrgica, mas pela fé em Jesus e pela abertura à ação do Espírito Santo que dá a cada um receber, em sua própria língua, cultura e modo de ser a mesma e única verdade do Evangelho. A festa de Pentecostes convida-nos a buscar sempre uma linguagem mais clara para anunciar o evangelho e para abrir os tesouros de Deus que nos foram revelados pelo Espírito Santo.
Dons para o bem comum
Celebrando Pentecostes, nós recebemos os mesmo dons. Rezamos na oração da missa: “Deus que santificais a vossa Igreja inteira, derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do evangelho”. Celebrar significa reviver o que já foi dado como dom. Quanto aos dons, Paulo é claro: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios e atividades, mas um mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1 Cor 12,4-6). “A cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum” (7): Somos membros de um corpo e pertencemos uns aos outros. O Espírito Santo nos une em um único corpo pela água do Batismo e unção do Espírito, como a farinha é, pela água, um único pão. Cada membro do corpo tem uma função, um dom, mas todos agem para o bem comum, sejam eles dons humildes ou preciosos. Os dons que temos são um a obrigação e uma condição de se poder viver. Celebrar Pentecostes nos faz mais Igreja.
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