quinta-feira, 20 de novembro de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Santíssima Trindade”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Revelastes o inefável mistério 
A história da humanidade sempre esteve diante da questão: “Quem é Deus”? Fizeram-se deuses à imagem do homem e de animais. Havia a grande busca sem a grande resposta. O primeiro capítulo da Bíblia relativiza essas divindades, mostrando que todas essas criaturas que eram adoradas saíram das mãos de um Criador. O sol, a lua, as estrela, animais, plantas não são mais do que expressão da amorosa criação de Deus. Os profetas ridicularizaram os deuses feitos pela mão humana. Veja por exemplo o salmo 134, 15-18. Deus não é concorrente. É o único e a Ele buscam quando buscam as divindades. A oração da missa reza na festa da Santíssima Trindade: “Ó Deus, enviando ao mundo a Palavra da Verdade e o Espírito Santificador, revelastes vosso inefável mistério”. O que sabemos de Deus foi revelado por Jesus e o Espírito Santo. No Antigo Testamento há uma incipiente revelação da Divindade. Jesus veio para introduzir-nos no conhecimento desse mistério. O Espírito dá-nos a vida divina presente neste mistério. Somos participantes, pelo batismo, desta natureza divina (II Pd 1,4)). Mas por que quanto mais nos aproximamos de Deus, mais distante parece estar? Quanto mais na luz, mais encontramos a escuridão? É assim mesmo que deve acontecer, pois Deus é continuamente buscado e continuamente encontrado. Quanto mais chegarmos a sua luz, mais a escuridão se faz presente para ser mais buscado ainda. Por isso cantamos na Vigília Pascal: noite tão clara quanto a luz 
Revela-se como Deus conosco 
O conhecimento de Deus na história do povo não provém de ensinamentos, mas da experiência das intervenções salvadoras de Deus. O bom Deus se adianta e mostra sua bondade, mesmo antes de pedirmos por socorro. Ele mesmo passa adiante de Moisés e revela-se: “Deus, misericordioso e clemente, paciente, rico em misericórdia e fiel” (Ex 34,6). A partir do Êxodo, o povo vai experimentado sempre mais o amor salvador de Deus. Moisés, em seu encontro com Deus, diz-Lhe: “caminha conosco”. Por isso, ao adorar o mistério da Trindade estamos reconhecendo sua presença no meio de nós. Ele mesmo é o “Deus conosco - Emanuel”, como nos escreveu Isaias (Is 7,14). Quando o Anjo anuncia a encarnação do Filho de Deus, ele revela esse modo de ser de Deus. João escreve: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Só podemos conhecer Deus a partir dessa revelação. Deus se mistura conosco para salvar, dar a vida em abundância. É esse o Deus que devemos anunciar: “Deus amou de tal modo o mundo que enviou seu Filho (...) não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 16-17). 
Pronunciar o Nome 
“Não falar o nome de Deus em vão” (Ex 20,7). É um mandamento: Deus é coisa séria, tanto que nos leva a sério. No judaísmo havia a proibição total de falar o nome de Deus. Era o respeito ao divino. Não se trata tanto de falar com palavras, mas com a vida, o nome de Deus foi pronunciado sobre nós em nosso batismo. Nossa vida será uma Palavra de Deus ao mundo. A vida tem que corresponder ao nome que foi pronunciado sobre nós. Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O nome é a pessoa. Por isso, adoremos a Trindade Santa com nosso coração e com nossa vida.

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