A temática do Pastor está presente na história da salvação, como podemos ler em Ezequiel 34 e nos salmos. Deus conduz o seu povo que clamava em suas necessidades: “O Pastor de Israel, prestai ouvidos” (Sl 80,1). O próprio povo se considerava suas ovelhas. Jesus lembra Ezequiel quando se refere aos maus pastores que cuidam de si e se aproveitam do rebanho. Os mercenários exploram o rebanho e não o defendem. Quando chega o perigo fogem, pois não se importam com elas (Jo 10,12-13). Jesus via a situação do povo que sofria nas mãos de seus chefes religiosos. Podemos ver hoje o mesmo nas igrejas e na sociedade. Em seu Mistério Pascal, Cristo dá a vida para livrar do mal, defender e proteger. É a atitude do pastor. Ele insiste: “Eu dou minha vida pelas ovelhas” (15). Já dissera: O ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância (10). Jesus dá a vida porque conhece e ama. Confia que, fazendo como o Pai faz, tem a garantia da vida: “Ninguém tira a minha vida, Eu a dou por mim mesmo; Tenho poder de entregá-la e tenho o poder de recebê-la novamente; Esta é a ordem que recebi de meu Pai” (18). Jesus se entrega livremente à vontade redentora do Pai. O Pai não quer o sofrimento de seu Filho, mas aceita sua obediência. Os que são salvos participam sua união de vida ao Pai. Pedro e João anunciam esta vida de Jesus através da cura de um homem paralítico e afirmam com clareza: Foi pelo nome de Jesus que o homem foi curado. O que foi rejeitado é o que tem a vida: Proclamam: “Jesus é a pedra, que vós os construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”.
Conheço minhas ovelhas
O pastor conhece com amor total suas ovelhas com as quais tem relações de aliança fiel e as ovelhas conhecem o pastor. O relacionamento entre ovelhas e pastor é de amor de entrega. Cria-se um modo de vida como o conhecimento do Pai e do Filho, numa fusão amorosa que os faz Trindade com o Espírito que é o Amor entre o Pai e o Filho. O único modo de amar é amar como Jesus ama, pois, fora disso todo amor é egoísta. Se não é egoísta é divino. Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu, outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos (At 4,12). Se há uma recusa de Jesus na sociedade atual é por fragilidade. Por mais que queiram riscá-lo do mapa do mundo, mais Ele se fortalece nos corações e nas decisões pela vida.
Semelhantes a Ele
A oração da missa de hoje pede que o rebanho, apesar de sua fraqueza, possa atingir a força do Pastor. Em uma linguagem mais atual dizemos que somos filhos, pois fomos batizados, participando do Mistério Pascal de Cristo que é sua vida dada por nós. Um dia seremos semelhantes a Ele e O veremos tal como Ele é (1Jo 3,2). Pedimos que os mistérios pascais nos renovem e sejam fonte de eterna alegria (Or. das Oferendas), pois o Senhor dá a vida e vida em abundância (Jo 10,10).Esta vida é para todos, pois Jesus prevê um só rebanho e um só pastor. Ele tem outras ovelhas que não são deste redil. Ele continua entregando a vida através de seus fiéis para que todos tenham vida e caminhem para a unidade, como fruto da Ressurreição. Por isso é inútil querer divisão. Somos pastores com Cristo, com a missão de conduzir o mundo para sua plena realização.
Leituras: Atos 4,8-12; Salmo 117;
1João 3,1-2; João 10,11-18
1. Jesus usa a temática do Pastor, como nos profetas e salmos. Apresenta o mercenário que não cuida das ovelhas e do bom pastor que é Ele e dá a vida por elas. Tem confiança em Deus, pois ninguém lhe tira a vida. Ele a dá. Os salvos participam de sua união com o Pai. Pedro diz que a pedra rejeitada se tornou pedra angular. Só nele podemos ser salvos.
2. O pastor conhece suas ovelhas e mantém a aliança de amor. É o mesmo amor que há entre o Filho e o Pai. Todo amor é divino. Se é egoísta não é amor. Só nos salvamos em Jesus.
3. Somos filhos de Deus pelo batismo e participamos do Mistério Pascal de Cristo. Um dia seremos semelhantes a Ele e O veremos tal como Ele o é. Pedimos que os mistérios pascais nos renovem e sejam fonte de Alegria. Jesus prevê um só rebanho. Somos pastores com Cristo.
Nome e sobrenome.
Quando a Bíblia fala de nome, como Pedro afirma: “Não há outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12), está dizendo a pessoa. Só em Jesus temos a salvação. Pedro cura o paralítico através de Jesus. Ele foi rejeitado pelos chefes do povo, mas constituído por Deus como fundamento.
Por Jesus fomos feitos filhos de Deus, não só de palavras, mas de fato. Por isso temos em Jesus o bom Pastor que deu a vida pelas ovelhas, e que conhece cada uma como conhece a Deus. Cada fiel pode conhecer Jesus. Ele veio para todos. Um dia estaremos todos juntos com Ele aqui na terra e seremos como Ele é no Céu.
Homilia do 4º Domingo da Páscoa (29.04.2012)
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