Evangelho segundo São Marcos 1,21-28.
Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar,
Todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas.
Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar:
«Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus».
Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem».
O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele.
Ficaram todos tão admirados que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!».
E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
Tradução litúrgica da Bíblia
Presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Marcos, 2
«Vieste para nos perder?»
«Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro». Esse espírito não podia suportar a presença do Senhor; tratava-se do espírito impuro que tinha conduzido os homens à idolatria. «Que acordo pode existir entre Cristo e Satanás?» (2Cor 6,15); Cristo e Satanás não podem estar associados um ao outro. «Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco?"» Aquele que assim grita é um indivíduo que se exprime em nome de várias pessoas; isto prova que tem consciência de ter sido vencido, ele e os seus.
«Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus"». Em pleno tormento, e apesar da intensidade do sofrimento que o faz gritar, não abandona a hipocrisia: é forçado a dizer a verdade, o sofrimento a isso o obriga, mas a malícia impede-o de dizer toda a verdade: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?». Porque não reconheces o Filho de Deus? Será de facto o Nazareno quem te tortura, e não o Filho de Deus?
Moisés era um santo de Deus. E Isaías e Jeremias também o foram. Porque não lhes dizes: «Sei quem tu és: o santo de Deus»? Não digas, pois: «Santo de Deus», mas «Deus Santo». Pensas que sabes, mas não sabes; ou, se sabes, calas-te por duplicidade. Porque Ele não é apenas o Santo de Deus, mas o Deus Santo.
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