segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Permanecei em mim”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Sou a videira e vós os ramos.
 
Vivemos o Tempo Pascal. Nele aprendemos o que a vitória sobre a morte de Cristo nos concedeu. A Vida que venceu a morte nos invade e nos une a Cristo de um modo sempre novo. João nos apresenta esta reflexão a partir da imagem da videira e os ramos. A videira é uma imagem forte no Antigo Testamento. Há uma unidade vital a Deus que é Vida como o ramo permanece unido ao tronco. Jesus se chama de “a verdadeira videira”. Permanecer em Cristo é linguagem fundamental para a compreensão da vida cristã. Jesus usa uma parábola muito simples do ramo que dá fruto só se permanecer unido ao tronco. Permanecer significa que existe uma união de vida, pois a vida do ramo é a mesma do tronco. Assim na fé, a vida do cristão é a mesma de Cristo ao qual está unido. É uma adesão por natureza espiritual e por esforço espiritual para que ela se concretize na vida através das boas obras. Quem não dá fruto está morto em sua união com Cristo. Sem Cristo somos ramos estéreis e secos. No momento atual somos convocados a ter maior consciência de nossa união a Cristo assumindo sua vida e sua proposta. É o que demonstra a primeira leitura sobre Paulo. Apenas convertido se torna apóstolo. Permanecer é crer e amar. João confirma na sua carta que devemos guardar o mandamento: “Que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo e amemos uns aos outros” (1Jo 3,23). Não há cristianismo sem Jesus e do jeito Dele. Assim vivemos inseridos na vida da Trindade. 
Podas da vida 
Continuando a parábola, Jesus nos explica a necessidade das podas para que possamos dar frutos abundantes. Existe a poda que tira o ramo seco e a poda positiva que poda os ramos bons para que deem mais fruto ainda. Mesmo sendo bom, é preciso ver o que tirar para ser melhor ainda. Jesus podas teve em sua obediência ao Pai, fazendo sua vontade (Jo 6,38) e sofrendo em sua carne as consequências de pecado que carregava em seu corpo. Como o trigo, Ele foi moído para ser o pão puro oferecido a Deus no sacrifício da Cruz. Fazer podas é “passar da antiga à nova vida” (Pós Comunhão). Sabemos que se somos da verdade quando amamos com ações e verdade (1Jo 3,18). Fazer as podas é viver no amor e na fé. Temos consciência de estar unidos a Cristo e fazer parte do povo de Deus, videira com seus ramos. Se nosso coração não nos acusa, podemos ficar sossegados. É preciso crescer na consciência que a união a Cristo é pascal, pois vem de sua morte e ressurreição. 
Paulo dá frutos 
Na leitura de Atos vemos o vigor da pregação de Paulo. Sua união a Cristo produz frutos. Onde Paulo aprende a viver a fé? Na comunidade, pois ficou 3 anos na Arábia (Região da Síria). Por estar em Cristo e amar de verdade, anuncia a Palavra.Os frutos do amor e da fé vêm da força do tronco que é Jesus. Sem Cristo nada podemos fazer. Deus não quer ramos estéreis e condenados ao fogo, pois a glória de Deus é o homem vivo (Santo Irineu). Se vivermos os mandamentos podemos ter o que quisermos, pois estaremos de acordo com Deus. Mais do que dizer, é mostrar a ação de Deus em nós. Somos uma continuação de Cristo. Glorificar a Deus é produzir frutos. Agradamos a Deus pela glorificação porque o Pai vê em nós os frutos de seu Filho. 
Leituras: Atos 9,26,31Salmo 21; 
1 João 3,8-24; João 15,1-8 
1. Na Ceia Jesus usa a imagem da videira e dos ramos para explicar a união com Ele. A imagem é conhecida. Há unidade entre o tronco e os ramos. Explica o que é permanecer em Cristo: É ter a mesma vida. Permanecemos unidos se crermos Nele e amarmos os irmãos. Não há cristianismo sem Jesus e do jeito dele. 
2. Para produzir frutos, permanecendo nele, são necessárias as podas para tirar os ramos secos e podar os bons para produzir mais. Jesus, pela sua obediência ao Pai sofre as podas e é moído como grão para ser o Pão do Sacrifício da Cruz. Viver a verdade no amor dá-nos a consciência desta união a Cristo e podemos pedir o que quisermos. 
3. Paulo tem vigor na pregação porque está unido a Cristo. Com Cristo produzimos os frutos. Somos uma continuação de Cristo. Agradamos o Pai porque vêm em nós os frutos do Filho. Paulo aprendeu a viver a fé. Por amar Cristo de verdade, anuncia. 
Daqui não saio! 
Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Jeito nosso de pirraçar. Jesus nos ensina outra palavra, mas que quer dizer a mesma coisa: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. Significa estar colado, agarrado como um galho num tronco. É ter a vida presa em Jesus. Não é um preso contra a vontade. É como um membro do corpo, por exemplo, o braço que faz parte do corpo, como o ramo faz parte da árvore. Vida que se cola não se separa. Assim o galho dá frutos, como nós também damos frutos. Para dar mais fruto ainda é preciso a poda para limpar e poda para fortalecer. É um desastre quando um ramo é cortado da árvore, seca mesmo e vai para o fogo. Não brinquemos com o fogo. O que faz nossa união e ligação com Cristo é o amor uns aos outros. Esse amor cola mesmo. Ele não é só da boca para fora, mas de coração e na prática. Paulo é um exemplo de quem, depois de se unir a Jesus produziu frutos em abundância. Que beleza! Assim fazia o Reino de Deus crescer. A nós compete a mesma força de produzir frutos. 
Homilia do 5º Domingo da Páscoa (06.04.2012)

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