Dizem que um habitante do deserto, ao ver, em outro lugar um jorro de água muito grande ficou olhando para ver o milagre acabar. Certamente podemos lembrar as grandes reflexões que há no mundo sobre o futuro da água. No momento vamos refletir sobre o simbolismo da água na celebração litúrgica. Lembramos que o sacramento que dá origem a todos os outros se celebra com o símbolo da água na qual está o símbolo do mal que é sepultado e a vida nova que nasce. Na Vigília Pascal temos a solene bênção da água com a qual se batizam os novos cristãos e também a renovação das promessas do batismo como compromisso aprofundado. Podemos dizer que toda a liturgia da Vigília Pascal foi organizada em torno do Batismo. A razão é clara: é no Batismo que morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele. O simbolismo do Batismo usa a água para mostrar como se realiza em nós a Páscoa de Jesus, sua morte e ressurreição. A bênção solene da água batismal faz memória das maravilhas de Deus nos momentos significativos da história da Salvação. “Deus se serviu da água para fazer-nos conhecer a graça do Batismo” (bênção da água). Na origem do mundo o espírito de Deus pairava sobre as águas para que elas concebessem a força de santificar; As águas do dilúvio prefiguram a nova humanidade e a purificação do mundo. Os filhos de Abraão atravessaram as águas do Mar Vermelho, prefigurando o novo povo nascido das águas do Batismo; Jesus foi batizado no Jordão e de seu lado aberto pela lança, na cruz, jorrou sangue e água. Após a Ressurreição ordenou aos discípulos que batizassem todos os povos. A palavra “batizar” significa mergulhar na água. O simbolismo das águas lembra a purificação, a libertação do pecado e a união a Cristo em sua morte e ressurreição, a vida nova de quem sai das águas, a fecundidade que gera vida.
Espírito sobre as águas
A bênção das águas batismais reza: “Olhai agora, ó Pai, a vossa Igreja, e fazei brotar para ela a água do Batismo. Que o Espírito dê, por esta água, a graça de Cristo, a fim de que o ser humano, criado à vossa imagem, seja lavado da antiga culpa pelo batismo e renasça pela água e pelo Espírito santo par uma vida nova”. E continua, tocando a água: “Nós vos pedimos, ó Pai, que por vosso filho, desça sobre esta água a força do Espírito Santo”. Mergulhando o círio pascal na água: “E todos os que, pelo batismo, forem sepultados na morte com Cristo, ressuscitem com ele para a Vida”. Todo ritual, recolhendo os símbolos, transmite o ensinamento sobre nossa união a Cristo e a realiza.
Jorrarão rios de Água Viva
Todo aquele que é batizado une-se a Cristo em sua morte e ressurreição. Pela fé já temos a vida eterna. Jesus diz comparando a fé a água que mata a sede: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,38). Nossa participação em Cristo coloca-nos também nessa condição de levar sua Vida aos outros através do serviço do amor que é o mesmo que Jesus realizou em sua morte. Assim estamos continuando a viver nosso batismo jorrando rios de água viva.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2012
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