Emília Fernández Rodriguez de Cortés nasceu em 13 de abril de 1914, na aldeia de Las Cuevas, em Tijola (Almeria). Foi batizada no mesmo dia em que nasceu, na igreja de Santa Maria. Seus pais, de etnia cigana, ganhavam a vida fazendo cestos de vime, arte que ensinaram a Emília.
Assim, Emília que depois os vendia, no meio de uma grande pobreza, passou a ser conhecida como Emília “la Canastera” (a Cesteira).
Emília nunca aprendeu a ler nem a escrever e viveu uma vida tranquila de acordo com os costumes do seu povo, incluindo a participação nas atividades da Igreja.
Muito jovem, entre fevereiro e março de 1938, Emília casou-se com o cigano Juan Cortés. Como a igreja tinha sido fechada pelo Partido Republicano, por causa do começo da Guerra Civil Espanhola, o casamento realizou-se segundo a tradição cigana, com bailes e cânticos durante uma semana inteira.
O seu esposo foi chamado a combater na frente republicana, mas negou-se ir e Emília apoiou-o na sua recusa em ir para a frente e foi à Câmara Municipal expressando com veemência a negação: “ Meu Senhor Presidente, nós somos uns ciganos bons, somos pobres mas honrados, não nos metemos com ninguém e casamo-nos no outro dia e não queremos separar-nos um do outro”.
A reposta foi do seguinte teor: “Em 21 de junho do ano corrente de 1938, o mancebo Juan Cortés Cortés deverá apresentar-se neste escritório de recrutamento, a fim de se juntar à Frente de Guerra para a defesa dos interesses da República. No caso de não comparecer, será decretada a deserção e serão dadas as devidas ordens para a sua captura”.
Chegado o dia marcado, Juan não se apresentou. Os milicianos comunistas vieram a sua casa e prenderam-no por deserção, e a Emília que estava em estado avançado de gravidez, por tê-lo apoiado. Os dois foram separados: o marido ficou na prisão conhecida como “El Ingenio”, e a mulher na cadeia feminina de Gachas-Colorás, foi condenada a seis anos de prisão. E foi ali que, inesperadamente, encontrou conforto e confiança na sua angústia.
Um grupo de prisioneiras, entre as quais algumas religiosas e senhoras da Ação Católica, recitavam o Rosário todos os dias. Curiosa com aquela maneira de rezar, Emília pediu-lhes que lho ensinassem a rezar: foi Dolores del Olmo a sua catequista. Embora fosse analfabeta, a jovem Emília tinha uma inteligência viva e depressa aprendeu os ensinamentos da fé.
A simplicidade com que Emília fazia as suas orações diante de todos, despertou em pouco tempo a preocupação da diretora da cadeia. Um dia dirigiu-se a Emília para que ela denunciasse quem era a sua professora de religião, a troco de melhorar as condições em que estava na cadeia. Emília não abriu a boca e nunca disse o nome da sua catequista, em consequência do que, foi fechada na cela solitária. Foi aí que, a 13 de janeiro de 1939, deitada numa enxerga, Emília deu à luz uma menina, em abandono total, sem ajuda de ninguém.
A pequena criança foi batizada com o nome de Angeles, pelas suas companheiras de prisão.
Emília esteve por quatro dias sem receber assistência enquanto perdia sangue com uma terrível hemorragia. No quarto dia foi levada ao Hospital provincial, em estado grave, tendo regressado poucas horas depois à solitária na cadeia onde, em 25 de janeiro de 1939, 12 dias depois do parto, às 9h30m faleceu sem nunca ter denunciado a sua catequista.
Tinha 24 anos: se tivesse sobrevivido mais três meses, teria visto o fim da guerra.
Os restos mortais de Emília foram sepultados numa vala comum, no território de Almeria, sem que nunca tenha sido exumada. Quanto à pequena Angeles, não foi confiada nem ao pai nem a nenhum familiar, mas internada num orfanato, para adoção, suspeitando-se que pudesse ter sido confiada a alguma família republicana.
A causa da beatificação de Emília Fernandez Rodríguez foi incluída no grupo de cento e dezessete mártires potenciais da diocese de Almeria. O inquérito diocesano foi iniciado no dia 11 de abril de 1995, encerrado em 21 de maio de 1998 e declarado válido pelo decreto de 26 de fevereiro de 1999.
A beatificação de Emília, a Cesteira realizou-se no Palacio de Congresos y Exposiciones de Aguadulce em Roquetas de Mar, Almeria, Espanha, em 25 de março de 2017, tendo a cerimônia sido presidida pelo Prefeito da Congregação para as causas dos Santos, como delegado pontifício do Papa Francisco, Cardeal Angelo Amato, pelo Bispo de Almeria e pelo Arcebispo de Granada.
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