O prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, beatificou no dia 28 de outubro de 2017, em Caxias do Sul, o Padre João Schiavo.
A intercessão de padre Schiavo em um caso de cura, confirmado em dezembro de 2016 pelo Vaticano, ocorreu em 1997, em Caxias do Sul. Em outubro daquele ano, Juvelino Carra foi encaminhado para uma cirurgia de emergência, com aguda dor intestinal. Ao chegar no hospital, o médico Ademir Cadore constatou que se tratava de uma trombose que envolveu todo o intestino delgado, quadro aparentemente irreversível. Decidiu-se por desistir da cirurgia, fechar o abdômen e encaminhar o paciente à UTI, para que tivesse acompanhamento até a morte iminente. Ao receber a notícia de que nada poderia ser feito, a esposa de Juvelino, Lourdes, agarrou com força um santinho de João Schiavo e orou para que o padre intercedesse pela saúde do marido.
Aos poucos, Juvelino Carra passou a dar sinais de melhora na UTI, sob olhares incrédulos. Em sete dias, teve alta do hospital, sem apresentar qualquer sequela do problema no intestino.Mais de uma década depois, a família Carra e a equipe médica forma entrevistadas por um grupo de sete autoridades em Medicina do Vaticano, que constatou a veracidade das informações, atestou a saúde de Juvelino e assim deu continuidade ao rito de beatificação.
Padre João Schiavo nasceu na Itália, em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore(VI), no dia 8 de julho de 1903, filho de Luigi Schiavo e Rosa Faturelli. Da família recebeu uma educação profundamente cristã; e, ainda pequeno, experimentou as agruras da pobreza. Embora de saúde muito frágil percorria 6km a pé, todos os dias, para ir à escola em Montecchio Maggiore.
Desde criança desejava ser Padre. Entrou na Congregação dos Josefinos de Murialdo e, em 1919, fez sua primeira Profissão Religiosa. No dia 10 de julho de l927, apenas completados 24 anos, foi ordenado Sacerdote.
Pe. João era muito fervoroso. Nos primeiros anos de sacerdócio escrevia os sermões e os meditava diante do Santíssimo Sacramento. Tinha o grande desejo de ser missionário e mártir; e, depois de quatro anos de Sacerdote, seguindo a ordem da obediência, partiu para o Brasil, chegando em Jaguarão (RS), no dia 05 de setembro de 1931. Logo conheceu todas as obras dos Josefinos. Em Ana Rech, foi professor, iniciador e diretor da Escola Normal Rural Murialdo. Em Galópolis, foi Diretor da Escola e Pároco. Em 1941, fundou o Seminário Josefino de Fazenda Souza (Caxias do Sul – RS), sendo o primeiro Diretor dessa obra que marcaria sucessivas gerações de jovens.
Desde que chegou ao Brasil, Padre João desenvolveu uma intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina brasileira. Fundou diversas obras em favor das crianças e jovens pobres; Abrigo de Menores São José (Caxias do Sul) hoje, Centro Técnico Social Obra Social Educacional, em Porto Alegre, Partenon e no Morro da Cruz. Abrigo de Menores em Pelotas e Rio Grande (RS), Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá (SC).
Foi o primeiro Superior Provincial dos Josefinos no Brasil, de 1947 a 1956 e a ele se deve o desenvolvimento das Obras Josefinas, o reconhecimento oficial das escolas e a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros. Após um período de discernimento, em consonância com o Fundador Padre Luigi Casaril, no dia 09 de maio de 1954, iniciou o grupo brasileiro das Irmãs Murialdinas de S.José. Em 1957 fundou a Escola Santa Maria Goretti das Irmãs Murialdinas, onde atuou como diretor e professor. Em fevereiro de 1956 deixou o cargo de Superior Provincial, mas continuou prestando serviço à sua Congregação e dedicando-se mais às Irmãs Murialdinas.
Ao findar de 1966, Padre João Schiavo, cuja saúde há tempo estava debilitada, adoeceu gravemente. Apesar de todas as tentativas da equipe médica e de tanta oração pedindo a Deus sua cura, a doença prosseguiu de modo fulminante e, em dois meses, terminou com a caminhada terrena do Padre João.
No último dia de sua vida, repetia: “Meu Jesus, Misericórdia”! Suas últimas palavras foram o compêndio de uma vida: “Pai, sou teu filho; sempre quis fazer tua vontade”.
Padre João Schiavo faleceu às 9h30 do dia 27 de janeiro de 1967, assistido pelos dois Bispos de Caxias do Sul: D. Benedito Zorzi e D. Cândido Bampi, pelas Irmãs Murialdinas, Confrades e amigos. Desde então sua sepultura é meta de orações e peregrinações.
À sua intercessão são atribuídas muitas graças.
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