segunda-feira, 24 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Escolhendo a vida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
A quem iremos?
 
Jesus é muito claro que, quem quiser seguí-lo tem que fazer uma opção radical: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23). Jesus, depois de mostrar sua identidade como Pão do Céu, dando sua carne comida e seu sangue como bebida, provocou a murmuração. Diziam: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Escandalizaram-se. Gostaram do pão multiplicado pelo milagre, mas não foi suficiente para aceitarem a proposta de crer nEle e tê-lo como alimento. Não bastam milagres para a fé. Se o homem simples de Nazaré não era aceito, o que se dirá quando subir ao Céu? (v.62). Para acolher Jesus é preciso um ato de fé nele, não nas aparências. É preciso tomar decisões por Jesus. E toda de decisão se faz dentro das mesmas condições exigidas dos discípulos. Há sempre um desafio a superar. Optamos por uma pessoa que tem um caminho a oferecer. Nem sempre o caminho condiz com nosso modo de encarar as coisas. O convite à tomada de decisão é a atração que Deus realiza em nós. Os apóstolos ficaram como que envergonhados diante das palavras de Jesus. Torna-se, então, mais duro: “Não quereis partir também?” (Jo 6,67). Ele não precisa de nós quando queremos fazer uma fé a nosso modo. Pedro faz uma declaração de opção por Jesus que nos anima a repetí-la: “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (v.68-69). Pedro mostra como se crê: não em milagres, mas nEle que é o Milagre, a fonte da vida. Podemos ter os mesmo sentimentos de recusa diante da Eucaristia, que é o Corpo e Sangue do Senhor para a vida eterna. Se não negamos o mistério, nós o negamos pelo modo como o tratamos. Mas a quem iremos, senão a Ele? 
Escolher o Senhor é escolher o irmão 
Esse domingo, é o domingo das escolhas. Josué reúne o povo em Siquém e convida-o escolher entre servir ou não servir o Senhor; ou os deuses antigos ou o Deus que os libertou do Egito (Js 241,18). Servir é aderir com liberdade e alegria. Nós estamos sempre diante de muitos deuses que criamos e diante de muitas possibilidades de escolhas. A escolha não pode ser somente por um ato de fé distanciado da vida. Paulo mostra que a fé penetra os relacionamentos humanos, como no caso do casamento (Ef 5,21-32). A conseqüência da fé é o amor. O modelo é Cristo, como amou sua Igreja. Cremos em Jesus na comunidade Igreja e o realizamos no relacionamento com os irmãos. 
Relendo a própria história 
Refletindo o evangelho de hoje, nós pensamos em nossa história espiritual. Fizemos escolhas em nossa vida. Podemos até pensar: já fomos melhores e mais fiéis. Na verdade, não pioramos. A opção se tornou sempre mais clara e, por isso, mais exigente. É preciso sempre voltar ao primeiro amor, como escreve Oséias (Os 2,14), lembrando os dias em que o escolhemos como razão de nossa vida. Lembrando as maravilhas que Deus realizou em nossa vida, podemos reafirmar nossa opção fundamental e fazer escolhas condizentes. Cada celebração é um momento de escolher o Senhor, como o faz Josué. A Eucaristia nos distingue de outras religiões, pois não temos somente o alimento pão e vinho para uma recordação espiritualizada. Nós cremos no Corpo e o Sangue do Senhor que alimentam em nós a Vida Eterna e nos unem a nossos irmãos. 
Leituras: Josué 24,1-2ª.15-17.18b;
Efésios 5,21-32;João 6,60-69 
1. Jesus pede uma opção radical. Ao ensinar sua identidade como Pão do Céu, dando sua carne como comida e seu sangue como bebida, provocou murmuração. Os discípulos recusam e se afastam. Gostaram do pão multiplicado, mas não creram no Pão da Vida. O ato de fé se faz na pessoa e não nas aparências. Os apóstolos ficaram como que envergonhados. Jesus não precisa deles sem fé e lhes diz: “Não quereis partir também?”. Pedro, professa sua fé: “A quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos que tu és o Santo de Deus”. Podemos ter os mesmos sentimentos de recusa diante da Eucaristia. Não negamos o Mistério, mas o tratamos como se não fosse. 
2. Estamos no domingo das escolhas. Josué convida o povo a se definir por Deus que os libertou do Egito ou pelos deuses antigos. Servir é aderir com liberdade e alegria. Temos sempre que fazer escolhas. O ato de fé não é distanciado da vida, mas penetra os relacionamentos humanos, como no casamento. Cremos em Jesus em uma comunidade. 
3. Em nossa história espiritual fizemos tantas escolhas. Pensamos que decaímos. Na verdade é que as opções são sempre mais exigentes. Temos que voltar ao primeiro amor. É na Eucaristia que refundamos nossa escolhas. 
Escolhendo o pão 
Os apóstolos ficaram encurralados. Dá a impressão que estavam pensando: ‘Ia tudo muito bem, mas agora... deu bobeira’. As palavras de Jesus foram duras demais: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Minha carne é verdadeira comida e meu sangue, verdadeira bebida”(Jo 6,54-55). Diante destas palavras, muitos se afastaram dele. Jesus aperta os apóstolos: “Vocês também não querem ir embora?”. Pedro faz uma bela profissão de fé: “Senhor, a quem iremos: tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus” (v.67-69). Josué (Js 24,15-18) coloca o povo diante de uma escolha: ou por Deus ou longe dele. Na fé cristã é preciso escolher e tomar decisões que cheguem à vida prática (Ef 5,21-32). Nós escolhemos o Pão da Vida. 
Homilia do 21° Domingo do Tempo Comum(23.08.2009)

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