É verdade que as primeiras pessoas batizadas pelos apóstolos eram adultos, tanto judeus, como pagãos, que ouviam a sua pregação e acreditavam em Jesus Cristo como Salvador do mundo. A conversão e o batismo de adultos é ainda comum, hoje em dia, onde o anúncio do Evangelho é recente, como na Africa, por exemplo. Mas já nos primeiros tempos da Igreja surgiu a pergunta a respeito do batismo dos filhos pequenos de cristãos ou de pessoas que se convertiam. A Bíblia não manda batizar as crianças, mas também não proíbe que sejam batizadas. Não trata expressamente desta questão.
Porém, sabemos com certeza que o batismo de crianças já era uma prática corrente na Igreja antes do ano 200, quer dizer, menos de 100 anos depois de terminado o Novo Testamento. Os escritores que mencionam este fato falam de um costume que vinha do tempo dos apóstolos. De fato, S.Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (1,16) diz que batizou a "casa" de Estéfanes. Também no livro dos Atos dos Apóstolos se conta que ele batizou alguns adultos, por exemplo Lídia, com toda a sua casa (16,15.33; 18,8). Esta expressão na linguagem da Bíblia refere-se claramente a toda a família, incluindo os filhos pequenos.
Por outro lado, o mesmo Paulo na Carta aos Colossenses (2,11s) compara o batismo cristão com a circuncisão dos judeus, sinal da aliança de Deus com o seu povo. Mas a circuncisão era aplicada às crianças. Esta comparação é, portanto, outro indício de que os cristãos no tempo de Paulo já batizavam seus filhos ainda pequenos para que fossem contados também entre os membros do povo da nova aliança, i.e. a Igreja. Lembravam-se certamente das palavras de Jesus: "Se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5).
Estas passagens do Novo Testamento mostram que é muito provável que desde o início da pregação do Evangelho também se tenha batizado as crianças. Em todo caso, esta prática que a Igreja adotou, interpretando o ensinamento de Jesus, não tem nada contra a Bíblia. Ao contrário, corresponde ao Espírito de Jesus que disse: "Deixai que as crianças venham a mim; e não as impeçais" (Mc 10,14). É claro, porém, que não basta batizar a criança. Mais importante é que ela viva a sua fé, quando crescer.
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