No século III, os mártires romanos Alexandre, Evêncio e Teódulo, presos por ordem de Tibério, foram confiados ao tribuno romano, Quirino. Este, porém, impressionado pelos seus milagres, se converteu e foi batizado com a sua filha, Balbina. Por isso, também sofreu o martírio, por causa da sua fé.
São Quirino, por vezes chamado de São Quirino de Roma, ou São Quirino de Neuss, ou ainda São Cirino, é um mártir e santo venerado tanto pela Igreja Católica quanto pela Igreja Ortodoxa.
Não se sabe quando e onde nasceu, mas era de origem romana e seu nome provém do alemão Quirin ou Quirinus, que por vezes é traduzido para o latim como Cirino.
O que se sabe da sua vida provém dos lendários “Atos dos Santos Alexandre e Balbina“. Segundo eles, Quirino era um rico tribuno, uma espécie de governante local no Império Romano, que na sua época era liderado pelo imperador Trajano, que manteve-se no trono entre os anos 98 e 117.
A história sobre sua vida, nos foi trazida, principalmente, pelo teatro medieval. É citado na obra “ss. Balbinae et Hermetis”, sem que se tenha provas sobre o que de fato é verdade nestas tradições antigas.
Quirino vivia, conta a lenda, como “fiel funcionário do Império Romano”, matava os rebeldes cristãos, prendia-os e investigava-os. No ano de 116, o imperador Trajano, voltando de uma campanha vitoriosa contra os partos, soube que o prefeito de Roma, Hermes, tinha abandonado a religião do Império Romano para aderir ao cristianismo e que para a sua surpresa havia sido batizado pelo Papa Alexandre.
De Selêucia (cidade grega que fica ao sul da atual Turquia, na época conquistada pelos romanos), onde foi então à frente de seu exército, Trajano enviou a Roma seu general Aureliano com a missão expressa de parar todos os cristãos, condenado-os imediatamente à morte se persistissem em sua religião.
A ordem é executada, mas Trajano nunca mais voltou à Roma; ele morreu no meio do caminho voltando pra casa. Adriano, o filho adotivo de Trajano, assim que proclamado imperador por seus soldados teve como seu primeiro ato oficial confirmar a ordem de seu antecessor, tornando a perseguição a todos os cristãos mais sangrenta.
Enquanto isso, Aureliano voltou à Roma e manda prender Hermes, prefeito de Roma. E, depois de alguma investigações, consegue capturar o Papa Alexandre, sendo encarcerado na prisão estadual. Hermes, ao contrário, conforme um antigo costume local, foi confiado à vigilância de Quirino, que o encarcerou na prisão de sua própria casa.
CONVERSÃO
Quirino esforçou-se para trazer Hermes de volta ao culto dos deuses romanos. No entanto, Hermes manteve-se firme em sua decisão pelo cristianismo e Quirino, vencido por tanta fé e retidão, começou a duvidar de seus deuses.
Quando o Papa Alexandre, que estava preso, apareceu “milagrosamente” em sua casa para visitar Hermes, iniciou-se então sua conversão.
Além disso, Quirino tinha uma filha, Balbina (Santa) que sofria de escrófula, uma doença que causa inchaço e deformações no pescoço, o que a impediria de se casar. Ele pediu ao Papa Alexandre para curar sua filha.
Eles fizeram a criança tocar as cordas que seguravam cativo o Santo Papa, e imediatamente, a doença cessou. Este milagre sacramentou a conversão de Quirino, sendo tanto ele como sua filha batizados no mesmo dia pelos sacerdotes Evêncio e Teódulo.
SUPLÍCIO E MORTE
Após saber da conversão de Quirino, o imperador Adriano, que havia sucedido Trajano em 117, manda prender o tribuno e arrastá-lo para o tribunal onde foi interrogado. O juiz tenta fazê-lo renunciar à sua fé, mas ele não faz nada; Quirino crê em Jesus Cristo e prefere a morte à apostasia.
Os carrascos prepararam a tortura. Acendem várias tochas, mas Quirino não pestaneja nenhuma vez. Quebraram seus ossos com pedaços de pau e o torturaram nas chamas das tochas. Quirino, sustentado pela graça, permanece calmo.
Finalmente, no dia 30 de março do ano 116 ou 117, eles cortaram as mãos e os pés e, depois, os executores cortaram-lhe a cabeça. O corpo de Quirino foi abandonado na rua para servir de alimento para os animais.
Balbina, sua filha, levou-o à noite e sepultou-o na catacumba de Prétextatus ao longo da Via Appia, de acordo com a Enciclopédia Católica. No Itinerários das sepulturas dos mártires romanos do Martirológio Jeronimiano também mencionam estas informações.
Devido a sua “bravura” diante da morte e por ter morrido em nome da “fé”, foi elevado, pelos hagiógrafos, à categoria de mártir e santo, mesmo sem ter sido canonizado.
TRANSFERÊNCIA DO CORPO DE SÃO QUIRINO
No ano 758, o Papa Paulo transferiu o corpo de São Quirino com muitos outros, com grande pompa, para a Igreja de St. Etienne e Silvère, a qual havia construído.
De acordo com um documento da cidade alemã de Colônia que data de 1485, o corpo de São Quirino teria sido doado em 1050 pelo Papa Leão IX a uma abadessa da cidade também alemã Neuss chamada Gepa (que também é chamada de “uma irmã do Papa”).
Desta maneira as relíquias chegaram até à Igreja de São Quirino (Quirinus-Münster), de estilo romanesco, em Neuss. Uma estátua de São Quirino localiza-se no topo do edifício, que Jean-Baptiste Bernadotte tentou saquear durante as Guerras Napoleônicas.
Os habitantes da cidade oraram a ele por ajuda durante o cerco de Neuss feito por Carlos, o Audaz, ocorrido entre 1474 e 1475. Foi então que o santo passou a ser conhecido por São Quirino de Neuss.
Seu culto se espalhou de Colônia, à Alsácia, Escandinávia, Alemanha Ocidental, Países Baixos e Itália, onde se tornou o santo padroeiro da comuna de Correggio.
Diversas fontes e nascentes foram dedicadas a ele, e foi invocado durante epidemias de peste bubônica, varíola e gota; também é considerado um padroeiro dos animais. Peregrinos que visitam Neuss costumam procurar a Quirinuswasser (“água de Quirino“), da Quirinusbrunnen (“fonte de Quirino“).
Um ditado popular entre os fazendeiros de Neuss relacionado ao dia de São Quirino, em 30 de março, diz “Wie der Quirin, so der Sommer” (“Assim como [o dia de São] Quirino se vai, também se vai o verão“).
Juntamente com São Huberto, São Cornélio e Santo Antônio, é venerado como um dos ‘Quatro Marechais Sagrados‘ (‘Vier Marschälle Gottes‘) na região da Renânia.
Retratos de São Quirino e São Valentim aparecem no topo do recto das Crônicas de Nuremberg (Folio CXXII [Genebra]).
ORAÇÃO A SÃO QUIRINO
Em nome do Pai + do Filho + do Espírito Santo.
Ouvi a minha prece, Senhor, Vós que tendes tanto prazer em fazer o bem. Sede misericordioso e lançai os Vossos olhos sobre mim.
Que as preces dos Vossos mártires e de São Quirino intercedam em meu favor, pois sois, meu Deus todo o meu apoio e o único a quem eu posso recorrer.
Rogo-Vos por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim seja.
São Quirino, que tendes um poder particular para curar doenças nas pernas, nas orelhas e a paralisia, rogai por nós.
Rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Obs.: Oração a São Quirino, pode ser invocada contra doenças das pernas, paralisia e afecções nas orelhas.
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