PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 54 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Muitas foram as alianças que Deus fez com seu povo no Antigo Testamento. Cada encontro com Deus é sempre um motivo para uma aliança. Essas alianças foram realizadas mediante ritos de sangue e proclamação de leis. A nova aliança, profetizada por Jeremias (31,31-34), acontece no coração, envolvendo o centro da pessoa num laço de amor, não somente em um ritual. É marcada pelo sangue de Cristo que é Sua vida. Em Cristo o Pai estabelece conosco uma definitiva relação de vida. A lei da nova aliança terá como código o amor de entrega, como Jesus fez na cruz. A aliança vai ser impressa no coração. Assim o conhecimento de Deus não se faz somente por um ouvir dizer, mas por um conhecimento pessoal que provém da união a Cristo em Seu sofrimento. O evangelho diz que os gregos querem ver Jesus, quer dizer, também eles querem crer. Ver significa crer e realizar a aliança. Jesus vive nesse momento a grande tensão com os judeus (os chefes do povo) que querem destruí-lo. Entram assim na lógica de Deus, pois elevar Jesus na cruz é sua glorificação, visto que ali Ele atrai a todos. A humilhação de Jesus na sua paixão leva-o à glorificação. Ser elevado na cruz é ser exaltado. Sua morte leva-o à vida. No profundo da humanidade assumida na obediência ao Pai está sua glorificação e a realização da aliança gravada no coração. Esta aliança acontece por primeiro no coração do Filho que se entrega por amor e depois em nós que entramos nesse ritmo de amor.
Estrada batida
O caminho de Jesus passa pela morte, pois ela é a causa de vida. Caminhando para Jerusalém Jesus mostra um atalho: “Se alguém quer me servir, siga-me. Onde Eu estou estará também meu servo”. Que atalho? “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre permanece só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). Seguir Jesus e acompanhá-lo em Sua entrega de vida para chegar à Vida: “Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna”(25). Estes são os caminhos de Deus que diferem tanto de nossos caminhos. A estrada batida para se chegar à vida plena deve fazer o caminho de aniquilação que Jesus fez: entregar-se em amor de aliança. O sofrimento não foi fácil para Ele, como não o é para nós. A carta aos Hebreus (5,7-9) conta-nos como foram dolorosos seus dias: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-lo da morte [...] Mesmo sendo Filho aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu” Nessa estrada batida podemos estar unidos a Ele.
Tornou-se causa de salvação
Unidos a Ele em Sua morte estamos com Ele em Sua ressurreição que é a causa de salvação do mundo. A carta aos Hebreus (9) continua: “Na consumação de Sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”, os que O seguem. O grão de trigo morto produz muito fruto. A glorificação de Jesus na cruz continua em Sua ressurreição. Somente a fé em Cristo nos faz entender que o sofrimento é o passo de nossa glorificação com Ele. Enquanto não nos dispusermos a viver o seguimento de Jesus na humildade e na entrega, não compreenderemos o caminho de Jesus. Não é o sofrimento pelo sofrimento, mas sim a entrega de vida em pequenos gestos de amor, que mesmo sofridos, são redentores.
Ficha:
1. As muitas alianças que Deus fez com seu povo estavam ligadas a ritos e normas. A nova aliança é feita no sangue de Cristo que é Sua vida. Em Cristo, o Pai estabeleceu conosco uma definitiva relação de vida cuja lei é o amor de entrega, como Ele fez na cruz. Trata-se de um conhecimento pessoal que provém da união a Cristo em Seu sofrimento. Os gregos pedem para ver Jesus. Ver significa crer. Os judeus querem crucificar Jesus. Realizam assim Sua glorificação que termina na ressurreição. A aliança acontece primeiro no Filho e depois em nós que entramos em Seu ritmo de amor.
2. O caminho de Jesus é explicado pela comparação com o grão de trigo que morto na terra produz muito fruto. Seguir Jesus é acompanhá-LO em sua entrega de vida para chegar à vida. Perder a vida é ganhá-la. A estrada batida é seguir Cristo em sua aniquilação. O sofrimento para Cristo não foi fácil, como nos conta a carta aos Hebreus: Ele dirigiu preces e súplicas entre clamores e lágrimas.
3. A morte de Cristo e Sua ressurreição são a causa da salvação. Se o grão de trigo morre, produz muito fruto. Somente a fé em Cristo nos faz entender que o sofrimento é o passo de nossa glorificação com Ele. Seguindo-O na humildade compreendemos Seu caminho. Não é o sofrimento pelo sofrimento, mas a entrega de vida em pequenos gestos de amor que podem ser sofridos, mas redentores
Síntese: Estrada batida.
Caminhando para Jerusalém Jesus mostra um atalho: “Se alguém quer me servir, siga-me. Onde Eu estou estará também meu servo”. Que atalho? Se o grão de trigo não cai na terra e não morre permanece só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito fruto. Quer seguir Jesus? Siga-O na sua morte para chegar à vida.
Homilia do 5º da Quaresma
EM ABRIL DE 2006
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