À tarde do domingo da Ressurreição, Jesus aparece aos discípulos e lhes faz a revelação primeira do Novo Testamento, após a ressurreição: “Recebei o Espírito Santo”. A vida que nos foi dada pela ressurreição é gerada pelo Espírito. A meta é a reconciliação universal, pois diz Jesus: “Como o Pai me enviou eu vos envio”. Ele veio como Salvador e envia seus discípulos com a missão de redenção. É uma missão: “A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”. Essa missão de reconciliação universal é dada como um sinal de paz: “Colocando-se no meio deles disse Paz a vós”. Ele dá o Espírito da paz. Como em todas as alianças Deus se põe em disposição de paz, na Nova Aliança a paz é o resultado da vinda do Espírito do Ressuscitado. Essa paz, como Jesus diz na ceia, não é como o mundo a dá. Qual é a paz do mundo? No momento em que Jesus está inaugurando seu novo reino, há uma paz universal conquistada pelos romanos. Ergueu-se em Roma o altar da paz com o preço do sangue de tantos povos. Tanta dor e opressão! Imaginemos o que terão sido essas guerras de conquistas. O sangue de Cristo, derramado como serviço e não como dominação dá Espírito da Paz. A grande proposta aos que recebem o Espírito é serem “operadores de paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). O Espírito que é dado na Crisma é o mesmo que é derramado sobre os discípulos no dia da Ressurreição. A espiritualidade da Crisma confere a cada cristão a capacidade de reconciliar os corações e promover a paz que nasce da aliança com Deus e com os irmãos.
Progresso do mundo
A vivência do sacramento não se reduz a algo somente espiritual. Ela penetra todas as esferas da sociedade para levar a todos o progresso. Os primeiros diáconos foram escolhidos para resolver problemas sociais. Havia dificuldades entre os primeiros cristãos no atendimento das pobres viúvas. Foram escolhidos sete diáconos que eram homens cheios do Espírito Santo. A partir do Batismo e Crisma colocam-se a serviço da Igreja, cheios do Espírito da paz. Assim, o apostolado dos cristãos, cheios do Espírito, tem a missão de promover a paz. Estruturar as comunidades na paz e no amor é missão do cristão. Quando queremos reduzir o cristão a um ente espiritual que vive fora da realidade, estamos cedendo à tentação de não realizar a caridade em suas conseqüências reais. O cristão é instrumento da paz. S. Francisco já cantava: “Fazei de mim um instrumento de vossa paz”!
Marcados para Deus
A unção da Crisma marca o cristão. Por isso se diz que é um sinal indelével, quer dizer que nada tira. Só podemos recebê-la uma vez. Assim somos marcados. O livro do Apocalipse narra que os fiéis serão marcados com uma cruz na testa (o tau - letra t - hebraico é uma cruz) (Ap 7,4-8). São marcados por Deus para uma missão e é nela que serão reconhecidos. Estar marcado é tomar partido, é ser reconhecido pelo sinal e pela vida. Deus que escolhe os cristãos para a missão de continuar implantando o Reino de justiça, paz e amor, vai reconhecê-los no momento final: “esses que vieram da grande tribulação e levaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14)
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2006
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