quinta-feira, 28 de abril de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Hosana ao Filho de Davi!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
“Aprendendo o ensinamento da Paixão”
 
A celebração do Domingo de Ramos tem dois aspectos: Primeiro, a alegria da entrada do rei pacífico na sua cidade. Esta O acolhe festivamente aclamando-o como o Messias prometido. Essa caminhada para Jerusalém, da qual fazemos memória com os ramos, antecipa nossa entrada na Jerusalém celeste. Assim rezamos: “Pai, abençoai estes ramos, para que, seguindo com alegria o Cristo, nosso Rei, cheguemos por Ele à eterna Jerusalém” (oração). A celebração antecipa a festa da Páscoa onde Cristo assume todo poder e glória de Filho do Pai. O segundo, é a Paixão. Ouvimos a narrativa da Paixão de Jesus. Entramos assim no insondável projeto divino de Redenção. A Paixão de Cristo é uma escola para todo cristão. Se não formos alfabetizados pelo sofrimento, não entenderemos o sentido da glória e do poder que há em Cristo e dos quais participamos. Isaias 50,4-7, ensina que o Servo aprendeu no sofrimento: “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoas abatidas; Ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo” (4). Somente participa da glória quem passa com Cristo pela compreensão do sofrimento. O profeta continua: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba” (6). Deus não quer o sofrimento, e nos acolhe quando temos confiança nEle: “O Senhor meu Deus é meu Auxilio por isso não me deixei abater o ânimo” (7). Cristo sente a necessidade do auxílio do Pai em seu abandono: “Ó minha força, vinde logo em meu socorro” (Sl 21). 
Humilhou-se a si mesmo 
O sofrimento de Jesus não foi procurado, nem aceito com facilidade, pois clamou para dele ser livre: “Ó Pai, tudo te é possível: afasta de mim este cálice, mas não se faça como eu quero, mas como Tu queres” (Mc 14,36). A aceitação do sofrimento é Sua atitude de entrega voluntária . Por nós, Ele se esvaziou, para fazer-se um homem como nós abaixou-se totalmente, fazendo-se obediente ao Pai até o abismo da cruz e da morte, onde a própria humanidade se oculta, como a divindade se ocultou na humanidade. O vazio total é Sua obediência, pois o Filho é totalmente aberto ao Pai. Por isso Isaias diz: “abriu-me os ouvidos” (5). A obediência significa estar pronto a ouvir fazendo do sentimento do Pai nosso sentimento como Ele o fez. Humilhar-se é esvaziar-se para encher-se da Vida. Na Paixão, o Filho é ao mesmo tempo amor do Pai e resposta do homem. Assim abriu para nós a porta da vida. 
Rasgou-se o véu do templo 
A narrativa da Paixão diz: “Jesus deu um alto grito e expirou. Nesse momento, o véu do templo se rasgou de alto abaixo, em duas partes” (Mc 15,37-38). Essa constatação é necessária para entender o sentido da morte de Jesus. No momento em que seu corpo é destruído pela morte, rompe-se o véu. Deus dissera a Moisés: “Pendurarás o véu e levarás para dentro do véu a arca da aliança; este véu vos fará separação entre o lugar santo e o santo dos santos” (Ex 26,33). A separação que havia entre Deus e o homem se rompe com a morte de Jesus. A carta aos Hebreus escreve “pelo caminho que Ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne” (Hb 10,20). No lado de Cristo rasgado pela lança, podemos ir a Deus. Não somos mais impedidos. Por isso o véu se rasgou. Entre os dois Testamentos há um caminho aberto: Jesus morto e ressuscitado 
Ficha: 
Leituras: 
Marcos 11,1-10; Is 50,4-7; Salmo 21; 
Filipenses 2,6-11; Marcos 15,1-39; 
1. A celebração de Ramos tem dois aspectos: a entrada gloriosa do rei em sua cidade, preanunciando a entrada na Jerusalém celeste. Ela antecipa a Páscoa da Ressurreição. O segundo aspecto é a Paixão. Ela é a escola do cristão. Se não formos alfabetizados pelo sofrimento, não entenderemos o sentido da glória e do poder que temos em Cristo. Isaias diz-nos do servo sofredor que abre os ouvidos como o discípulo e aprende pelo sofrimento. Deus não quer o sofrimento, mas a confiança nele no sofrimento. 
2. Jesus não procurou o sofrimento, nem o aceitou com facilidade, pois pedira ao Pai que o libertasse. Mas aceitou a vontade do Pai. Aceitação é entrega voluntária. Por nós Ele se esvaziou para fazer-se um homem como nós. Fez-se obediente até à morte. Esta obediência significa estar pronto a ouvir, fazendo do sentimento do Pai nosso sentimento. Como Ele o fez. Humilhar-se é esvaziar-se para encher-se. 
3. A narrativa da Paixão culmina com as palavras: Jesus dando um alto grito expirou. Nesse momento o véu do templo se rasgou de alto a baixo. Significa que a terminou a separação entre Deus e homem. Agora, pelo lado aberto de Cristo temos acesso através do véu, isto é a carne de Jesus.
Textos para a semana: 
Domingo de Ramos: Eu queria ser um jumento 
Jesus entra em Jerusalém montado num jumentinho. Ninguém fala dele. Ele estava feliz, pois levou Jesus em meio ao entusiasmo do povo. Eu bem queria levar Jesus por todos os cantos e depois voltar para meu cantinho. 
Quinta-Feira Santa (13.04): Perdi minha bacia 
Na última ceia Jesus toma uma bacia e lava os pés dos discípulos. E diz: Eu sou o Mestre e Senhor e lavei os pés de vocês. Assim vocês devem fazer. Ser cristão e ser feliz é servir com humildade a todos. Jesus, me ajuda achar minha bacia. 
Sexta-Feira Santa (14.04): Escolinha do amor. 
Amou até o extremo do amor. Jesus com a cruz às costas não só sofre, mas ensina a viver. Sua caminhada e sua morte são a escola onde aprendemos a viver. Ele ressuscitou porque amou até a última gota de vida. 
Sábado Santo (15.04): Que banho gostoso! 
No batismo somos mergulhados na morte de Jesus e ressuscitamos com Ele para a vida. É um banho de vida, gostoso e que relaxa para sempre. Na Vigília Pascal pulemos de cabeça dentro do mar imenso de sua redenção.
Homilia do Domingo de Ramos
EM ABRIL DE 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário