Os crentes recusam o batismo das crianças, porque elas ainda não podem compreender o que estão fazendo. O Sr. não acha que eles têm razão?
Os protestantes que rejeitam o batismo das crianças, praticado na Igreja Católica, baseiam-se nas palavras de Jesus: "Quem crer e for batizado, será salvo; quem não crer, será condenado" (Mc 16,16). Como é possível batizar quem ainda não tem capacidade de compreender a mensagem do Evangelho e responder a Cristo com o compromisso de sua fé? A insistência deles na relação entre fé e batismo é certa. Desde o início da Igreja o batismo era precedido pela profissão de fé em Jesus Cristo. Mas esta necessidade da fé para o batismo não é um motivo válido para impedir o batismo das crianças.
De fato, a Igreja sempre considerou, com razão, que o compromisso de fidelidade a Jesus Cristo, assumido no batismo, podia ser suprido, no caso das crianças, pela fé de seus pais e padrinhos, que representam toda a Igreja. Esta posição está fundada na interpretação correta da Bíblia e das palavras de Jesus.
Um primeiro apoio à prática da Igreja de batizar as crianças vem das narrações do evangelho, nas quais Jesus cura uma pessoa, p.ex., o filho do centurião romano (Mt 8,5-13) ou a filha da mulher cananéia (15,21-28), levando em conta a fé de quem lhe pede esta graça. Ele diz ao centurião: "Pode ir. Vai acontecer como Você acreditou. E o filho sarou naquele instante". S.Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (7,13s) usa um raciocínio parecido quando diz que os filhos nascidos dum casamento misto entre cristão e pagã ou vice-versa são santos e não impuros, porque o marido que não crê é santificado por sua mulher que crê, e a mulher que não crê é santificada pelo marido que crê.
Estes textos ajudam a entender porque as crianças, filhas de pais cristãos, podem ser batizadas: elas são salvas e santificadas por Deus em vista da fé da comunidade que as acolhe. A própria resposta de fé dada no batismo à oferta da salvação é sempre, mesmo no caso de adultos, um dom totalmente gratuito de Deus. Mas o adulto deve colaborar responsavelmente com a graça de Deus, que o move a crer. A criança batizada também recebe este presente da fé, mas ainda não é capaz de acolhê-lo por meio dum ato consciente e livre. Ela já é cristã e membro da Igreja, partilhando a fé da comunidade. Mas só mais tarde poderá assumir pessoalmente essa fé. É claro que os pais, padrinhos e toda a comunidade, que se responsabilizaram pela fé da criança, têm o dever de ajudá-la, à medida que vai crescendo, a conhecer a palavra de Deus, vivida na Igreja, para que quando ficar grande possa dar sua resposta pessoal a Cristo.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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