segunda-feira, 26 de abril de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Cristo, nossa Páscoa”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Festa da Páscoa 
O termo mistério pascal já está presente nos autores primitivos da Igreja. Está unido ao sentido de mistério do Senhor. Mistério não é incompreensível, mas pode ser conhecido. Mistério é para ser vivido e não para esconder realidades espirituais. Deus não é fechamento. Deus é simples. Falando de Mistério Pascal, falamos de realidades humanas. A celebração da Páscoa não é só para a Igreja católica, mas “é festividade comum a todos os seres, enviada ao mundo da vontade do Pai, aurora divina de Cristo sobre a terra, solenidade perene dos anjos e dos arcanjos, vida imortal do mundo inteiro, alimento incorruptível para os homens, alma celeste de todas as coisas, iniciação sagrada do céu e da terra, anunciadora de mistérios antigos e novos” (Homilia de Melitão de Sardes – Dic. de Liturgia, Mistério Pascal). O mistério de Cristo está compreendido no conceito “Cristo, nossa Páscoa”. O termo traz em si tudo o que Cristo fez e é para nossa salvação. Participamos do mistério que se revela a nós através dos sacramentos. É o desígnio de Deus participado por nós. O termo “páscoa”, no Antigo Testamento, se refere ao rito da lua cheia da primavera e ao cordeiro imolado naquele momento pelos pastores. É muito anterior ao movimento hebreu. O termo páscoa indica também os saltos de dança dessa festa. Vemos na narrativa da morte dos primogênitos egípcios quando Deus saltou as portas dos hebreus (Ex 12,13.23.27). Por isso, se diz “comer a páscoa”, refeição onde era comido o cordeiro. Essa era a festa. A festa dos pastores se uniu à festa dos agricultores com o pão ázimo, para celebrar as colheitas 
O mistério da Páscoa é Cristo 
Os judeus, celebrando a Páscoa, comemoram a libertação do Egito, a passagem do Mar Vermelho, a promulgação da Lei de Deus e a entrada na terra prometida. É uma celebração memorial, isto é, não só se recorda, mas se torna atual de tal modo que cada um está presente no acontecimento. A Páscoa cristã é um ato redentor que atinge todos os tempos. Assim também vemos o Mistério de Cristo em sua Páscoa. Esse é o sentido de mistério memorial. Páscoa para todos os tempos. Por isso rezamos que “... e desceu à mansão dos mortos”, isto é, os que já morreram também esperavam a redenção que ocorre na Cruz e na Ressurreição. É o mesmo mistério do qual participamos vivendo e celebrando. A Páscoa é central na vida de todo o povo de Deus. O que era profecia torna-se realidade em Jesus em sua morte e ressurreição. Ele tem em Si todo o mistério de salvação que Deus nos ofereceu. Ele é a Páscoa. Realiza a profecia e confia a sua Igreja a contínua memória. Paulo identifica Jesus como o cordeiro imolado. Para ele, “a ação libertadora realizada por Deus em Cristo é o próprio acontecimento pascal”. Quando Jesus manda fazer o que fez, a Eucaristia recebe o sentido pascal. Concluímos que, quando dispomos nossa vida à ação libertadora de Deus, nós fazemos nossa Páscoa. 
Nossa Páscoa 
Temos que chegar à conclusão que o culto que celebramos não fazemos ritos, mas celebramos uma Pessoa. Como celebrar é memória, que mais que atualizar, torna presente um fato que é uma Pessoa, Jesus. É Páscoa sempre antiga e nova. Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. A celebração nos coloca em união vital com a ação redentora de Cristo e também com sua Pessoa. Quando celebramos tomando o corpo e o Sangue de Cristo, não comemos um rito, mas nos alimentamos de uma Pessoa: “Quem comer minha carne e beber o meu sangue permanece em Mim e Eu nele” (Jo 6,56). Assim estamos realizando a Páscoa que é Cristo em seu mistério. Alimentar-se de Cristo é viver. A vida é Páscoa.

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